O RÉVEILLON E A VAIA
O deputado estadual Fernando Hugo (SDD) denunciou o que seria articulação de aliados da ex-prefeita Luizianne Lins (PT) para vaiar seu sucessor, Roberto Cláudio (Pros), na próxima festa de Réveillon, na Praia de Iracema. Como não deu maiores detalhes de como obteve a informação ou como seria a articulação, ficou a imagem de que age preventivamente, para blindar o prefeito de uma eventual vaia – que seria natural diante de uma multidão, sobretudo se considerando algumas brigas que a gestão comprou ao longo do ano. Destaco Cocó e funcionamento de creches, mas houve outras polêmicas, também. Não há nada de surpreendente ou novo nisso. O prefeito já foi vaiado, como seus antecessores também. Com um agravante: Roberto Cláudio vive situação inédita em décadas de ter sido bancado politicamente por um governador prestes a se despedir do cargo. Assim, herda certa popularidade, mas também parte do desgaste natural a um ciclo que se encerra. A fala do deputado tenta colocar carimbo partidário na possível manifestação: se houver, é coisa da oposição.
Mas, bem, não há nada demais em opositores irem a evento público promovido pelo governante para vaiá-lo. Esse tipo de coisa acontece, como também há aplausos que são armados. Quem já foi a comícios sabe que vereadores arregimentam simpatizantes nos bairros e transportam ao local, devidamente orientados a aplaudir. É do jogo.
A estratégia de Fernando Hugo tem boa dose de esperteza política, mas traz perigo embutido: se a vaia se fizer ouvir entre as centenas de milhares de pessoas, ficar a impressão de que a ex-prefeita tem muito mais simpatizantes do que se poderia supor em relação a alguém sem mandato ou espaços institucionais e que saiu desgastada do cargo.