O“piscinão”, área improvisada no setor de emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), está a dez dias de acabar. Isso se o prazo estipulado pelo próprio secretário estadual da Saúde, Ciro Gomes, for cumprido.
Por dia, ainda são atendidos de 30 a 40 pacientes fora dos leitos do HGF. Antes do anúncio do secretário, eram 100 pacientes acomodados precariamente no mesmo espaço.
Enquanto uma reforma é feita no térreo, onde fica o “piscinão”, os pacientes foram instalados no primeiro andar da unidade. As obras devem resultar na criação de 25 leitos. Outra medida para tentar esvaziar de vez o “piscinão” é a contratação de leitos na rede privada.
A direção do HGF informou que, além da transferência para novos leitos após a reforma, ainda sem previsão, os pacientes vão ocupar leitos de retaguarda dos hospitais Waldemar Alcântara, Senador Fernandes Távora, Santa Casa de Misericórdia e Hospital da Polícia Militar.
Visita
Na última sexta-feira, o HGF recebeu uma comissão formada pelos deputados estaduais Heitor Férrer (PDT), Eliane Novais (PSB), Fernanda Pessoa (PR) e José Sarto (Pros). No dia da visita, 49 pacientes de diversas especialidades eram atendidos no primeiro andar. Os parlamentares avaliaram o atendimento no setor de urgência e emergência. A comissão retorna à unidade no próximo dia 14. O objetivo é checar se a área foi de fato desativada na data prometida: 13 de dezembro.
Para José Maria Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), “a situação é extrema. Não tem como esvaziar (o “piscinão”) porque todos os hospitais de emergência e urgência do País têm um piscinão”. De acordo com Pontes, o problema, que não ocorre apenas no Ceará, reflete a precariedade da atenção básica e secundária.
Conforme o médico, a transferência de casos para hospitais privados tem gerado complicações. “Tomamos conhecimento de pacientes que são remanejados para unidades e que precisam voltar. O HGF recebe casos graves, e esses hospitais não têm a mesma estrutura”, relata.
Mayra Pinheiro, médica perita da Defensoria Pública da União (DPU/CE) e da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, faz a mesma crítica: “O Fernandes Távora não tem como receber os mesmos casos (do HGF). Pacientes renais estão sendo mandados para casa depois de dois ou três dias.”