No atual momento, marcado por precipitadas transformações sobre o estilo de vida das pessoas, especialmente impactada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), observa-se o protagonismo dos instrumentos tecnológicos tanto na gênese quanto na solução dos novos desafios que se apresentam.

Enquanto a conexão em redes viabilizou a continuação de inúmeras relações sociais, econômicas e políticas, ao concentrar a multiplicidade de manifestações tanto da esfera privada quanto pública dos usuários conectados, intensificou a dependência desses grupos ao sistema tecnológico, fato que enseja a formulação de uma nova categoria de vulnerabilidade: a digital.

Apesar das preocupações advindas das repercussões da utilização das novas tecnologias sobre as democracias ter ganhado destaque após a revelação do escândalo da Cambridge Analytica, diante da possível manipulação das eleições norte-americanas de 2016 e da saída do Reino Unido da União Européia (Brexit), no Brasil, estudos apontam que, já na eleição presidencial de 2014, teriam sido utilizados perfis automatizados – robôs (bots) – para a propagação de mensagens a grupos específicos.

Nesse contexto, objetiva-se identificar possíveis impactos decorrentes da utilização de sistemas de inteligência artificial, que se utilizam de dados, muitas vezes sensíveis dos usuários em rede, para objetivos específicos relacionados à manipulação dos processos político-eleitorais, de forma a moldar o debate público sobretudo a partir da veiculação intencional de informações falsas, conhecidas como fake news.

Hian Colaço é especialista em Direito e Processos Constitucionais pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e com extensão em Inteligência Artificial e Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ).

Produzido por Helenir Medeiros e apresentado pelo jornalista Renato Abreu, o Questão de Ordem vai ao ar de terça a sexta-feira, às 19h30. O programa também é transmitido pela rádio FM Assembleia (96,7 MHz), de terça a sexta-feira, às 22h.

WT/LF