Conforme Cristovam, se houver irregularidades, ou o governo se afasta e quem cometeu paga, ou o partido deve sair da base aliada
FOTO: TUNO VIEIRA
Participando da agenda de campanha do candidato Heitor Férrer (PDT), o senador Cristovam Buarque, que representa a legenda do postulante em Brasília, comentou ontem o julgamento do Mensalão, justificando que, embora o PDT integre a base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso, a defesa do partido é para que todas as irregularidades sejam apuradas e julgadas pelo Supremo Tribunal Federal. "Ninguém pode apoiar um governo tolerando irregularidades. Se houver irregularidades, ou o governo se afasta e quem cometeu paga, ou a gente se afasta do governo", salientou.
Apesar de considerar que a postura da presidente Dilma tem sido correta diante do processo, Cristovam Buarque ponderou dois episódios recentes em que ela se envolveu. "Eu creio que ela não precisava ter se envolvido recentemente naquele assunto de uma nota dos presidentes dos partidos sobre o ex-presidente Lula. E também não precisava ter feito uma consideração indireta em relação ao Supremo", opinou. Na última sexta-feira, Dilma Rousseff divulgou nota oficial questionando o fato de seu depoimento, de 2009, ter sido mencionado no julgamento do mensalão.
Entretanto, Cristovam Buarque fez questão de deixar claro que a presidente nunca esteve envolvida nas irregularidades do mensalão. "Ela nunca foi envolvida nisso. Nunca se tocou no nome dela. Tirando essas duas falhas, no conjunto, ela tem se saído corretamente", aponta.
Em relação ao apoio ao candidato Heitor Férrer, o senador Cristovam Buarque disse acreditar que ele tem um perfil de gestor que priorizaria a educação em todos os aspectos, e não só na criação de novas creches. A principal proposta apontada por Cristovam é o incentivo à educação em tempo integral, que tem sido uma das propostas mais apontadas por todos os candidatos durante o programa eleitoral na televisão. Mesmo reconhecendo a importância do Bolsa Família, o senador do PDT fez ressalvas ao programa porque, segundo considera, ele distribui renda, mas "não emancipa as pessoas".
Financiamento
Outro questionamento do senador Cristovam Buarque, durante o seu discurso, foi no que diz respeito ao financiamento das campanhas políticas. "Não há democracia enquanto precisarmos pedir dinheiro para os empresários para fazer marketing de campanha", criticou. O senador pediu que os eleitores ponderassem bastante a questão da trajetória política do candidato. "A gente não escolhe o prefeito olhando só para as propostas, e sim para a trajetória", disse Cristovam Buarque, fazendo coro ao discurso de Heitor.
Já sobre a questão dos supostos padrinhos nessa reta final da campanha, Heitor Férrer e seu vice, Alexandre Pereira (PPL), mostraram-se incomodados com a comparação aos candidatos da máquina. Segundo o prefeiturável do PDT, o que muda é a sua trajetória política.
Conforme explica Heitor, o apoio de Marina Silva seria mais para dar suporte às ações proposta de desenvolvimento sustentável do que propriamente de caráter eleitoreiro. "Marina é símbolo de ética, de coerência, deixou poder para manter a sua coerência quando era ministra do PT", destacou. Heitor também admitiu que parte do seu eleitorado pode ter feito a associação com a ex-ministra, já que ela foi bem votada na última eleição presidencial, em 2010.
Também compareceram no evento parlamentares e candidatos a vereador do PDT, como o presidente estadual do partido, deputado André Figueiredo, e o deputado Ferreira Aragão.