A manifestação dos motoristas de transporte alternativo de Fortaleza impediu o embarque e desembarque de passageiros no Aeroporto de Fortaleza durante cerca de uma hora no fim da tarde desta segunda-feira (23). Segundo relatos, cerca de 700 motoristas participaram no protesto, que reivindicava o reajuste do valor pago por quilômetro rodado, bem como a tramitação de um projeto de indicação na Assembleia para a criação de incentivos fiscais para a categoria.
Segundo o relato da passageira e acadêmica de Fisioterapia Patrícia Moraes, que voltava de Salvador, os viajantes passaram até 1h30 para conseguir sair do terminal. “Não chegava nenhum carro, nem particular nem táxi. Táxi só conseguia quando arrancava com tudo, aí eles abriam espaço”, relata.
Moraes ainda conta que só observou a chega da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) próximo de conseguir ir para casa. “Eles estavam orientando os motoristas que estavam próximo e as pessoas estavam descendo na avenida e indo à pé para não perder o voo”.
O presidente da Associação dos Motoristas de aplicativos do Estado do Ceará (Amap), Rafael Keylon Gomes da Silva, indica que as principais reinvindicações são o reajuste do preço do quilômetro rodado. “A Uber, que é a plataforma mais consolidada, paga R$ 0,90 por quilômetro. Em São Paulo, esse valor é de R$ 1,40. Nós somos os motoristas mais mal pagos do Brasil”, destaca.
Ele ainda aponta possíveis abusos no valor da inspeção realizada pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor). “A inspeção custa R$ 102, enquanto em Recife esse valor é apenas R$ 42. Cada vez que são aprovadas as regulamentações e que nós comparamos com a nossa percebemos que estamos em desvantagem”, ressalta.
Silva ainda pede a aprovação de um projeto de lei que prevê a isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para motoristas com mais de um ano de plataforma. “O IPVA tem o fim de restaurar a malha asfáltica de Fortaleza e nós já pagamos 2% de cada corrida para esse fim via regulamentação”, aponta.
O presidente da Amap alerta que, caso a categoria não seja atendida, haverá uma série de novos protestos. “Inclusive, a Câmara Municipal e o Paço Municipal serão os próximos alvos. Já temos um grupo com 50 líderes e teremos capacidade mínima de mobilização de 500 pessoas”, complementa.
Apesar do transtorno, a assessoria de imprensa do aeroporto informou que não houve impacto na operação do terminal. Já o presidente do Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditaxi), Vicente de Paula, diz não ter conhecimento do ocorrido. A AMC comunicou, através da área de relações públicas, que desde o fim da tarde foram deslocadas uma viatura e duas motos para o local, a fim de evitar congestionamento e colisões.
Por meio de nota, a Uber admitiu que "acompanha a movimentação e entende que, como autônomos, os motoristas parceiros têm o livre direito de se manifestar, dentro do que a lei permite". A empresa ainda pontua que continua "trabalhando com e para os motoristas parceiros", uma vez que eles "são fundamentais para o funcionamento da plataforma e para o seu sucesso".