Você está aqui: Início Últimas Notícias Projeto que proíbe uso e venda do fio cerol e da linha chilena é debatido na AL
O deputado Delegado Cavalcante destacou que, segundo dados da Associação Brasileira de Motociclistas (ABRAM), 50% dos motociclistas atingidos por linhas cortantes fica em estado gravíssimo e 25% tem morte imediata. “É uma coisa que devemos combater. Temos um projeto de lei tramitando que proíbe o uso desse material aqui no Estado do Ceará”, informou, referindo-se à proposição nº 232/19, que proíbe o uso de fio com qualquer tipo de material cortante no Estado do Ceará.
Os deputados Gordim Araújo (Patri), Lucílvio Girão (PP), Tony Brito (Pros) e André Fernandes (PSL) demonstraram apoio ao projeto de lei do deputado Delegado Cavalcante, que visa criminalizar o uso e venda de linhas cortantes. Os parlamentares ressaltaram ainda os perigos do cerol e da linha chilena e enfatizaram a importância de ações de conscientização acerca do tema.
O médico coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Samu, Rogério Pinto Giesta, disse ser preciso diferenciar o uso recreativo do uso criminoso da pipa. “Quando se usa esse brinquedo de modo criminoso, ele passa a ser uma arma que causa danos físicos e até psicológicos às pessoas”, pontuou. Rogério também destacou a necessidade de criar uma lei ampla, que inclua todos os tipos de linha cortantes, não apenas o cerol e a linha chilena.
O secretário de Segurança Cidadã de Fortaleza, Azevedo Vieira, destacou que a lei ainda carece de regulamentação, uma vez que ela imiscuiu-se nas atribuições da Guarda Municipal em um de seus artigos, posteriormente vetado pelo prefeito. Azevedo afirmou ainda que parte da Guarda Municipal faz uso de motocicletas, o que torna o interesse pela questão não somente pessoal, mas também institucional.
Segundo a superintendente do Instituto José Frota (IJF), Riane Azevedo, o pescoço – área mais atingida pelas linhas cortantes de pipas – é uma região nobre do corpo, na qual correm todos os vasos sanguíneos que vão em direção ao cérebro. “Dependendo da lesão, não dá tempo de chegar ao hospital. O cérebro só aguenta três ou quatro minutos sem oxigenação”, explicou, ressaltando a urgência da criação de uma lei mais dura contra o uso dessas linhas.
Para Carlos Benevides, fundador da União dos Motociclistas do Ceará, é preciso separar, nas estatísticas de acidentes de motos, o que é de responsabilidade do motociclista e o que não é. “Se um cara está na moto e colide com um animal na pista, isso vai constar como acidente de moto. A estatística tem que depender do causador do acidente. Precisamos ter a real estatística do que é culpa da moto”, defendeu.
Karine Pinheiro, da União Motociclista Feminina, destacou que a lei já existe, falta apenas ela ser realmente cumprida. Já Silvio Augusto, presidente do Anonymous Moto Grupo, pediu que fossem acrescentadas emendas ao projeto de lei do Delegado Cavalcante para tornar obrigatórias campanhas de conscientização sobre a temática em escolas estaduais e para definir a aplicação de multa e punição aos maiores de idade que fizerem uso de linhas cortantes.
Já Henrique Vasconcelos, do Motoclube Fortaleza Chapter, solicitou o não uso da palavra “acidente” nos inquéritos policiais, pois, segundo ele, “as pessoas que usam aquela linha já sabem o que pode acontecer”.
Durante a audiência pública, a economiária Regina Campos e o motociclista Jairo Gomes relataram suas experiências trágicas com o cerol e linha chilena. Regina disse estar na luta contra o uso dessas linhas desde 1996, quando seu irmão faleceu por ser atingido por uma linha cortante. “Isso não é uma brincadeira. Pode até ser que alguém seja socorrido a tempo, mas ela é fatal”, alertou.
Já Jairo Gomes contou quase ter morrido anos atrás ao ser acertado por essas linhas no pescoço e nos dedos das mãos. “Além de toda a atenção com o trânsito, ainda tenho que olhar para cima para evitar o perigo das linhas?”, questionou.
Também participou do debate a fisioterapeuta Mairla Nepomuceno.
BD/LF