As medidas de contenção de gastos anunciadas esta semana pelo governo estadual encontram vários defensores na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL-CE). Ao longo da sessão ordinária desta quarta-feira (29), não foram poucos os governistas que partiram em defesa do governador Camilo Santana (PT) na tribuna da Casa.
"O governador Camilo Santana de forma responsável, e não de forma demagócica, populista, continua trabalhando com a modernidade", declarou o deputado estadual Salmito Filho (PDT), sem citar diretamente os anúncios feitos pelo governo. De acordo com ele, o que o Ceará vem fazendo na gestão fiscal é diferente - e melhor - do que têm feito outros Estados que passam por dificuldades, e que devem ser agraciados com um socorro de R$40 bilhões pelo governo federal. "Enquanto o governo federal arruma um pacote de R$40 bilhões para financiar os estados que não fizeram o dever de casa, o Estado do Ceará precisa cada vez mais ter esse zelo, essa racionalidade e modernidade para investir", declara.
Na segunda-feira (27), o secretária de Planejamento, Mauro Filho (PDT), anunciou uma série de medidas de ajuste da máquina pública. Entre as medidas, está o adiamento de novas contratações de servidores efetivos, o que inclui nomeações e novos concursos, e o não reajuste do salário dos servidores, com exceção dos que ganham até um salário mínimo, que receberão apenas a reposição da inflação, e professores e agentes de saúde, que têm piso nacional. O trabalhista atribuiu a decisão ao crescimento da folha de pagamento do Estado, que, segundo ele, foi de mais de 9% entre janeiro e abril, em comparação ao mesmo período de 2018. "Foi um aumento de folha muito significativo; o maior aumento do Brasil", afirmou. Os efeitos da medida serão avaliados em setembro.
O ex-líder do governo na Casa, Evandro Leitão (PDT), também saiu em defesa das medidas. "Tem momento na vida em que precisamos recuar, ter a prudência e a serenidade de dizer não", declarou o parlamentar, que em sua fala fez questão de destacar que ele próprio é um servidor público estadual, da Secretaria da Fazenda (Sefaz).
A fala de Leitão foi uma resposta a críticas feitas por Soldado Noélio (PROS), opositor e um dos poucos a criticar a medida na tribuna. Para ele, "ajuste fiscal" era um eufemismo para o que ele classifica como quebra do Estado. De acordo com o parlamentar, o equilíbrio nas contas públicas está sendo obtido ao custo do sacrifício dos servidores estaduais.
Romeu Aldigueri (PDT) foi um dos que reagiu à fala. "Às vezes, acho que moro em um Estado e o deputado Soldado Noélio em outro", declara. O parlamentar afirma que o Estado é referência em vários indicadores sociais. "O senhor é parlamentar de um Estado que tem um governador que, em seu primeiro governo, nomeu dez mil policiais militares", exemplifica o deputado.