Para o professor Hermano Ferreira, o principal motivo que fez Moroni se isolar dos pleiteantes é a fragmentação da esquerda
FOTO: MIGUEL PORTELA
Apesar da grande estrutura de candidatos apoiados pela prefeita e pelo governador, Moroni ainda lidera
Mesmo com grandes estruturas, após mais de um mês de campanha, candidatos que reúnem expressivos apoiadores, numéricos e qualitativos, ainda aparecem com pouca intenção de voto em Fortaleza. É o que aponta a pesquisa Ibope publicada na última segunda-feira, encomendada pelo Diário do Nordeste e realizada entre os dias 9 e 11 deste mês. O apadrinhamento do Executivo no âmbito municipal, estadual e federal, avaliam especialistas, ainda não surte o efeito esperado na disputa na Capital.
Outro aspecto relevante, segundo cientistas políticos, é a manutenção da liderança isolada de Moroni Torgan (DEM), que tem feito questão de afirmar, nos debates já realizados, que não está amparado em padrinhos políticos tampouco conta com o volume financeiro dos candidatos apoiados pela prefeita Luizianne Lins (PT) e pelo governador Cid Gomes (PSB).
A pesquisa divulgada em 30 de julho, encomendada pela TV Verdes Mares, revelou que Moroni aparecia com 32% de intenções dos votos válidos. No último levantamento, o número caiu para 31%. Enquanto isso, Roberto Cláudio (PSB) se manteve com 8% e Elmano de Freitas (PT) subiu de 6% para 8%.
Para o cientista político Francisco Moreira, professor da Unifor, o resultado da pesquisa divulgada pelo Diário do Nordeste causou surpresa, mesmo que, de acordo com ele, o clima ainda não seja efetivamente de campanha, considerando-se fatos públicos que desviaram a atenção central da população, como as Olimpíadas e o julgamento do mensalão. Além disso, considera que o fato de Moroni ter ficado três anos afastado do País poderia tê-lo colocado em situação desfavorável no pleito.
Agressiva
Na avaliação de Francisco Moreira, Roberto Cláudio (PSB) tem apresentado uma "campanha agressiva nas ruas e na mídia", por isso, explica, esperava-se que ele tivesse obtido crescimento de intenção de voto. "O que indicava é que o candidato do governador fosse aparecer numa situação mais privilegiada, mas esse período é um momento em que não houve ainda campanha de rádio e TV", pondera.
Avaliação semelhante é feita no tocante à recepção de Elmano de Freitas (PT), que cresceu apenas dois pontos percentuais em comparação à última pesquisa, de 4% para 6%, pontuação considerada irrelevante para a margem de erro da pesquisa, que é de até quatro pontos.
Um aspecto para ser considerado, complementa Francisco Moreira, pode ser a avaliação da população em relação aos governos municipal e estadual. "Fortaleza, do ponto de vista político, é muito complexa", reflete. O professor da Unifor também lembra que muitos vereadores ainda não estão envolvidos nas campanhas dos prefeituráveis.
Já o cientista político Hermano Ferreira, professor da Universidade Estadual do Ceará, acredita que o principal motivo que fez Moroni Torgan (DEM) se isolar dos demais pleiteantes foi a fragmentação dos partidos de esquerda e centro-esquerda nesta eleição: "Moroni é o único candidato totalmente conservador. Com a divisão da esquerda, abriu-se mais chances para ele".
Não se deve desconsiderar também, complementa Hermano, o grau de conhecimento quando comparado aos demais candidatos: "Inácio, Roberto Cláudio e Heitor são conhecidos em Fortaleza, mas não como candidatos a prefeito. O Moroni já disputou até segundo turno".
Consolidado
Ainda de acordo com o professor Hermano Ferreira, o público de Moroni Torgan já está relativamente consolidado, perpassando um perfil de eleitorado com instrução mediana, que possui ensino fundamental ou médio e com idade acima de 25 anos.
O candidato do PCdoB, Inácio Arruda, aparece com 13% das intenções de voto, Heitor Férrer (PDT) com 12% e Renato Roseno com 8%. Marcos Cals manteve-se com 6% e Gonzaga aparece com 1% das intenções do eleitorado. Valdeci (PRTB) e André Ramos (PPL) não pontuaram.