O estaleiro, de médio porte, está previsto para ser instalado no Complexo do Industrial do Pecém (Cipp), em uma área de dez hectares localizada próximo à foz do Rio Cauípe, em Caucaia.
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A expectativa é que o equipamento fabrique navios de médio porte e tenha as obras iniciadas ainda neste ano
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) deverá receber, nos próximos meses, um estaleiro, fruto de negociações com um grupo italiano interessado em fabricar embarcações de médio porte no Ceará. O empreendimento deverá ser instalado no município de Caucaia, em uma área de dez hectares - o equivalente a 100 mil metros quadrados - localizada próxima à foz do Rio Cauípe.
A previsão da Prefeitura de Caucaia é que o empreendimento tenha construção iniciada ainda neste ano. Nessa etapa, informa o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Antônio Vieira, deverão ser gerados mais de mil empregos. Já na fase de operação, afirma, o estaleiro irá demandar 400 empregos diretos.
Conforme explica Vieira, o equipamento irá fabricar navios de médio porte, voltados para pesca e para transporte. No primeiro ano de operação, acrescenta, serão produzidas quatro embarcações. O investimento total previsto para a instalação do estaleiro é de R$ 100 milhões.
Negociações
Segundo Vieira, as negociações com o grupo italiano tiveram início no último mês, quando os investidores apresentaram o projeto de instalação do estaleiro. "Foi uma negociação rápida", comenta. A área onde o equipamento será construído, complementa, já foi adquirida pelo grupo, estando pendente, neste momento, o licenciamento ambiental para a construção.
O secretário preferiu não revelar ainda o nome do investidor italiano, o qual deverá ser anunciado na próxima semana, em entrevista coletiva, quando também serão apresentadas mais informações sobre o projeto.
Os incentivos fiscais oferecidos ao empreendimento, informa, já foram definidos pelo Município. Entre eles, está a isenção de até 90% do Imposto Predial Territorial urbano (IPTU) por um período de 11 anos. Nos próximos meses, acrescenta Antônio Vieira, será realizado o processo de licenciamento ambiental do empreendimento. O primeiro documento que deverá ser emitido nesse processo é a Licença Prévia, que analisa a concepção e localização do projeto.
Pedido ainda não foi feito
Segundo a assessoria de comunicação da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), ainda não foi feito nenhum pedido para emissão de Licença Prévia para a construção de um estaleiro em Caucaia.
De acordo com o titular da Agência de Desenvolvimento do Econômico do Ceará (Adece), Roberto Smith, a agência não tem conhecimento nem recebeu nenhuma solicitação sobre a instalação do estaleiro no Complexo Industrial e Portuário.
Procedimento
Conforme Smith, antes de um empreendimento ser instalado na área do Cipp, é preciso que seja analisado se o projeto se enquadra no plano diretor do complexo industrial - o que, até agora, não foi solicitado à Adece.
Empregos
400 ocupações serão geradas durante a operação do equipamento, em Caucaia. A estimativa é que mais de mil vagas sejam criadas só na construção do empreendimento
FIQUE POR DENTROEquipamento foi alvo de polêmica na Capital
Em 2010, a construção de um estaleiro em Fortaleza foi um dos temas que mais mobilizou debates na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa e em entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-CE). Enquanto o governador Cid Gomes defendia o empreendimento, cuja área de instalação seria a Praia do Titanzinho, a prefeita Luizianne Lins se posicionava contrária, o que gerou um impasse político entre os dois gestores. Em maio daquele ano, Luizianne chegou a admitir a implantação do empreendimento, denominado Promar Ceará, na Capital, mas recuou após visitar o Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, e conferir o Estudo das Alternativas de Localização em praias no Estado. A prefeita pediu o apoio de Lula, que ficou ao seu lado.
A divergência entre governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza tinha reflexo na população, a qual também apresentava opiniões distintas sobre o empreendimento, diante da promessa de criação de uma média de 1.500 empregos e dos impactos ambientais que deveriam ser gerados tanto na construção quanto na etapa de operação. A indefinição quanto à instalação ou não do equipamento durou quase um ano e só foi finalizada em junho de 2010, quando Luizianne Lins anunciou que vetaria o aterro da área do Titanzinho prevista para a construção.
JOÃO MOURAREPÓRTER