Partidos políticos até recentemente considerados sem expressão no cenário local e nacional ganharam os noticiários após o primeiro turno destas eleições com um crescimento repentino na ocupação de cadeiras no Legislativo. Sob liderança de puxadores de votos, legendas como o PSL e o PROS apresentam expressiva votação e se distanciam de outros nanicos fadados a serem engolidos pela nova cláusula de desempenho.
No Ceará, a Assembleia Legislativa passou por uma renovação de cerca de 35%, a partir da entrada de 16 novos quadros. Entre eles, o deputado mais votado, André Fernandes, e um dos menos votados eleitos, Delegado Cavalcante, que retorna ao Legislativo. Os dois pertencem ao PSL, partido escolhido por Jair Bolsonaro para a disputa à Presidência. O líder político, que está no segundo turno, inflou a sigla em muitos estados do País. Para a bancada cearense na Câmara foi eleito Heitor Freire. O PSL já tinha dois vereadores em Fortaleza.
Efeito semelhante foi visto no PROS, que já foi o reduto eleitoral de Cid e Ciro Gomes entre 2013 e 2015, e agora está sob o comando de um opositor político, o Capitão Wagner. O deputado estadual foi o federal mais votado pelo Ceará. Carregou com ele a reeleição do menos votado, Vaidon Oliveira. Assim, de uma eleição para outra, o partido ganhou duas vagas.
A legenda busca a mesma projeção na Assembleia. Depois do efeito Ferreira Gomes, que elegeu 12 deputados do PROS em 2014, voltou a se apequenar na mesma legislatura com a migração dos quadros para o PDT. No atual desenho da Casa, conta com Capitão Wagner e Roberto Mesquita como representantes. Wagner deixou o PR e Mesquita saiu do PV. Agora, assumem as cadeiras o deputado federal Vitor Valim e Soldado Noélio, eleitos pelo PROS.
Crescimento vertiginoso foi percebido no Patriota, antigo PEN. Ganhou um deputado federal, Junior Mano, passou de dois para três deputados estaduais; e tem quatro vereadores, quando elegeu em 2016 apenas dois.
Ainda nanicos
Outros considerados nanicos, entretanto, continuarão pequenos. O PMN, por exemplo, que pertencia à coligação capitaneada pelo PT para deputado federal, não elegeu ninguém. Sozinho para estadual, novamente ficou à míngua. PHS, Avante, PSC e Podemos, que marcharam juntos para cargos proporcionais, também passaram em branco. O mesmo desânimo recaiu sobre o grupo PPS, PRTB e PPL para deputado estadual. Apenas um eleito: Julinho (PPS).
O cientista político Emanuel Freitas pondera que o crescimento das legendas é relativo. "A gente não pode considerar um crescimento do partido em termos ideológicos. Ele se deve tão somente ao 'bolsonarismo'. Para onde o Bolsonaro for ou fosse, esses sujeitos iriam", analisa. Para ele, muitas legendas pequenas buscarão fusões para a manutenção do funcionamento partidário.