A declaração do general Mourão, candidato a vice-presidente na chapa do deputado Jair Bolsonaro (PSL), de que famílias pobres "sem pai e sem avô" são "fábricas de desajustados" foi rechaçada, ontem, por deputados, na Assembleia Legislativa cearense. Renato Roseno (PSOL) classificou a fala do militar de "misógena" e "ignorante", demonstrando "falta de conhecimento sobre o seu próprio povo". Ele ressaltou que 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres.
Para o parlamentar, a fala de Mourão só serve para "esvaziar a esfera política" e tensionar ainda mais a sociedade. O deputado questionou o "populismo autoritário" da chapa presidencial encabeçada por Bolsonaro que, na opinião dele, "não nos oferece futuro, só nos oferece passado, onde as mulheres, sequer, poderiam ocupar o mercado de trabalho", lembrou.
"Parece que ele (Bolsonaro) é apaixonado no passado, quando as mulheres não votavam. Parece que esse candidato, com esse populismo autoritário, não quer dialogar com a mulher trabalhadora, com o jovem trabalhador, a única coisa que ele oferece é um grande museu de um passado de injustiça, de discriminação, onde as pessoas sofriam em silêncio".
A deputada Rachel Marques (PT) também repudiou as declarações do general Mourão que mostram, segundo ela, um "atraso de todo o avanço civilizatório". "Muitas das políticas públicas que a gente viu no Brasil a partir do governo Lula foram destinadas também a essas mulheres, inclusive financiamentos públicos como o PRONAF, que não tinha uma destinação específica. Quero apresentar minha indignação diante de mais uma absurda declaração", afirmou.