Em discurso, Ferreira Aragão (PDT) afirmou que não deixaria opositores "fuzilarem" Camilo
( Foto: José Leomar )
A Assembleia Legislativa aprovou ontem, por unanimidade, o reajuste de 3% para os servidores públicos estaduais, neste ano, retroativo a 1º de janeiro de 2018. A proposta do Governo do Estado dá ganho real de 0,5% para todas as categorias, uma vez que a inflação registrada em 2017 foi de 2,95%. Durante a sessão, poucos servidores ocuparam as galerias do Legislativo para reivindicar a matéria.
Deputados da oposição tentaram obstruir a votação e apresentaram emenda tentando elevar o reajuste, mas não tiveram sucesso. Governistas, por outro lado, defenderam a proposta como sendo a possível, diante da crise financeira no País.
O deputado Nestor Bezerra (PSOL), que está no lugar do deputado Renato Roseno (PSOL), licenciado para tratar de assuntos pessoais, apresentou emenda solicitando reajuste salarial de 12% aos servidores. Ele argumentou que, nos últimos três anos, os servidores tiveram perdas salariais. "Tiveram reajuste zero, com perda salarial em torno de 20 a 22%", disse.
Em seguida, Capitão Wagner (PR) ponderou que a proposta do colega teria "dificuldades jurídicas", mas disse que recompor a inflação do ano anterior ao salário dos servidores é obrigação constitucional do gestor. "Será coincidência que, nos últimos três anos, o reajuste foi zero e no ano da eleição está sendo proposto um reajuste que sequer recompõe os 20% do que perderam nos últimos anos?", questionou.
Já o governista Ferreira Aragão (PDT) defendeu que o governador Camilo Santana (PT) merecia ganhar uma "medalha e ser chamado em Brasília", porque, "enquanto todo mundo está colocando para fora, cortando despesa, atrasando pagamento", ele "faz tudo contrário: contrata, paga em dia e ainda dá aumento". "Não preciso do Camilo para nada, mas não vou deixar fuzilarem o homem que não merece", discursou.
Ironia
O deputado Roberto Mesquita (PSD), por sua vez, disse que, ao ouvir Ferreira Aragão, lembrou de um quadro televisivo chamado "Super Babão". Ele ressaltou que o reajuste dado pelo Governo do Estado não cobre sequer a contribuição previdenciária paga pelo servidor público, que foi elevada de 11% para 14%, de forma escalonada.
O líder do Governo na Casa, Evandro Leitão (PDT), destacou que o reajuste só é possível porque o Estado mantém boa gestão das finanças, mesmo com a queda de repasses federais para o Fundo de Participação dos Estados (FPE). Ainda segundo ele, a gestão tem "prioridades" e precisa "honrar os seus compromissos", para continuar com bom poder de investimento.
Também foi aprovada, ontem, Mensagem do Governo que autoriza a transferência de R$ 500 mil para a Academia Cearense de Letras e para o Instituto do Ceará. Outro projeto aprovado é o que prevê a desapropriação, indenização e remoção das famílias abrangidas pelas obras do Projeto Dendê.