Ainda que o assunto eleição esteja dentro e fora do plenário da AL, parlamentares acreditam que desconfiança do eleitor será maior para federais
( Foto: José Leomar )
Além da descrença da população com o homem público, as mudanças na legislação eleitoral, aprovadas no fim do ano passado, estão entre os desafios que os candidatos ao pleito deste ano terão que enfrentar. De acordo com deputados da Assembleia Legislativa, enquanto aqueles que tentarão reeleição serão cobrados pela crise de representatividade, os neófitos tendem a ter dificuldades devido ao curto prazo do período de campanha, que, na eleição geral de 2018, será de apenas 45 dias.
Para parlamentares entrevistados pelo Diário do Nordeste, aqueles que tentarão disputar eleições pela primeira vez tendem a se esforçar ainda mais, visto o pouco tempo que terão para se consolidar diante do eleitorado. Já os pretensos candidatos à reeleição devem, segundo disseram, estar presentes diariamente nas bases eleitorais, visto que muitos políticos têm sido mal avaliados pela população.
"Quem vai tentar disputar pela primeira vez tem a vantagem de ainda estar construindo sua imagem, mas o período de exposição será muito curto para que seu nome se estabeleça", diz o deputado Osmar Baquit (sem partido), que tentará reeleição no pleito de outubro próximo.
Segundo ele, aqueles que já têm mandato também serão bem avaliados pelo histórico político. No entanto, com a classe política desmoralizada, estes tenderão a enfrentar constrangimentos ao serem comparados com políticos corruptos. "Hoje, o eleitor acha que todo mundo é desonesto, mas quando se aproxima a hora do voto, ele reflete. Acaba votando naquele que acha ser o melhor para a cidade, para o Estado".
Na mesma linha do colega, o deputado Walter Cavalcante (PP) diz que candidatos conhecidos e sem qualquer problema com as próprias imagens não terão dificuldades. Porém, segundo ele, os que querem ingressar na vida pública, por não terem ainda envolvimento direto com a política, também devem ser beneficiados pelo eleitor.
"A população diz que quer renovação, e neste aspecto várias pessoas demonstram interesse de entrar na vida pública, querendo levar vantagem. Isso acontecerá, porque as pessoas estão interessadas em mudar o que está aí", considera. Ele ressalta, porém, que os detentores de mandato, com boa estrutura para a disputa, também tendem a se beneficiar na campanha.
"A gente viu que alguns candidatos tiveram muitas dificuldades, tanto o foi que a renovação foi muito grande nas câmaras. Pessoas antigas saíram porque não atenderam às perspectivas de mudança", cita. Ele acredita que o período de apenas 45 dias de campanha, já vigente em 2016, também deve ser um fator determinante neste ano.
Carlos Felipe (PCdoB), por sua vez, afirma que o problema maior da campanha deste ano deve ser o uso desenfreado do chamado "caixa dois", uma vez que o Estado não teria capacidade de controlar a ilicitude. "O caminho seria trabalhar a educação política das pessoas. O desgaste existe e acho que aqueles que estão mais próximos de suas comunidades, mostrando seus trabalhos, presentes, terão vantagem. O deputado estar em suas bases é muito importante".
Ele acredita, porém, que os mais afetados pela crise de representatividade política serão os deputados federais que tentarão reeleição, visto que, em sua opinião, foram favoráveis a matérias que iam de encontro aos interesses da população. "Esses terão dificuldades de subir em um palanque", afirma.
'Desacreditados'
Pré-candidato ao Governo do Estado, o deputado Capitão Wagner (PR) também salienta que os detentores de mandato terão mais dificuldades no pleito pela descrença da população, principalmente os membros do Congresso Nacional. "Eles estão bem desacreditados. No Senado não aprecem muitos candidatos aqui do Ceará. Já o de deputado federal existem novos nomes, e quem estiver com mandato terá dificuldade de retornar".
Ele destaca que também enfrentarão problemas relacionados ao financiamento de campanha, dadas as restrições partidárias para alcance dos recursos. "Quem ocupa mandato vai ter essa dificuldade, mas o nome novo tem dificuldade de colocar sua campanha nas ruas para que as pessoas tenham conhecimento de sua candidatura. Por isso, acredito eu que a renovação vai ser muito grande".