Protesto contra a reforma da Previdência, articulada pelo presidente Michel Temer (PMDB) no Congresso Nacional, uniu sindicatos e movimentos sociais e percorreu ruas do Centro de Fortaleza na manhã de ontem. O ato foi mantido após a greve geral, inicialmente marcada para o mesmo dia, ser suspensa por causa do adiamento da votação da matéria na Câmara dos Deputados.
A concentração aconteceu às 8 horas, no cruzamento das avenidas da Universidade e 13 de Maio, no bairro Benfica. De lá, cerca de 5 mil pessoas, segundo organizadores, seguiram até a frente da sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na rua Pedro Pereira, no Centro. A Polícia Militar não fornece mais estimativa de participantes em protestos.
A manifestação foi organizada por centrais sindicais e movimentos sociais, além das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Ceará (CUT-CE), Will Pereira, a manutenção do ato era necessária porque a “pressão popular” influencia na decisão dos parlamentares.
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Pereira avalia que “o dia foi muito positivo no Ceará, porque houve mobilização não só em Fortaleza, mas em várias cidades do interior do Estado”. Os municípios cearenses que tiveram protesto foram, conforme a CUT, Quixeramobim, Itapipoca, Crato, Barbalha, Brejo Santo, Caucaia, Crateús, Iguatu, Quixadá, Redenção e Russas.
A professora municipal Márcia Pimenta, 48 anos, disse que tem participado de protestos contra a reforma porque tem “receio” de não conseguir se aposentar. “Eu ia me aposentar com 50 anos, com 25 anos de contribuição, como diz a regra. São muitos anos da sua vida dentro da sala de aula, e agora vou ter de passar mais 20?”, lamentou.
No protesto, cartazes com a foto de deputados federais cearenses que votaram a favor da reforma trabalhista somavam-se a faixas com os dizeres “fora, Temer”. O nome dos senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB) foram citados várias vezes durante as falas, associando-os ao “golpe”.
Pelo menos 18 estados receberam atos. Além do Ceará, tiveram protestos São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Rondônia e Roraima.
Durante o ato, representantes de centrais sindicais criticaram decisão de suspender a greve geral. Foi o caso de Raquel Dias, da Conlutas. “Nós achamos que tem que ter greve independente de votação da reforma (da Previdência)”, defende.
É consenso, no entanto, que se houver votação na próxima semana, haverá a greve. “Estamos vigilantes. A partir do momento que marcarem (a votação), a CUT e as demais centrais sindicais estarão chamando para a paralisação”, garantiu Will Pereira.
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Durante o ato, pneus de ônibus foram esvaziados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro-CE) - cinco veículos, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Fortaleza (Sindiônibus) - e ruas foram interditadas. A Autarquia Municipal de Trânsito ajudou a organizar o trânsito. protesto, no entanto, foi pacífico.
O deputado Elmano de Freitas (PT) participou do ato, além do presidente estadual do Psol Ailton Lopes.