Elmano de Freitas
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Deputado estadual (PT-CE)
Quando o país se rediscute face a crise de dois anos de recessão, é necessário analisar o desempenho do nosso sistema financeiro.
A tese do economista Ladislau Dowbor (PUC-RJ) é a de que os intermediários do dinheiro (bancos e similares) são os principais responsáveis pelo travamento da economia. Não houve a alardeada gastança pública indutora do desequilíbrio fiscal e, sim, o auferimento de lucros vindos de juros tão altos que sufocaram o crédito e o consumo.
Os governos Lula e Dilma elevaram o consumo, com distribuição de renda, elevação do salário mínimo, inclusão produtiva e medidas que permitiram tirar da pobreza milhões de pessoas. Isso gerou um crescimento que permitiu financiar as políticas sociais. A partir de 2013 o processo entrou em crise. É que os bancos e outros intermediários financeiros drenaram o aumento da capacidade de compra esterilizando o processo redistributivo e a dinâmica de crescimento.
O lucro bancário aumentou 578% entre 1994 e 2003. Ainda assim, o setor que contava com mais de 730 mil bancários nos anos 1990, passou para 393 mil em 2001. No primeiro semestre de 2017, os cinco maiores bancos brasileiros lucraram mais de 36 bilhões de reais!
E mais: o crediário cobra 104% para “artigos do lar” financiados; o rotativo no cartão, mais de 400% e mais de 250% no cheque especial (setembro/2015). Quem entra nesta ciranda, roda e afunda.
A conclusão vem sob forma de sentença: a população se endivida muito e compra pouco. Após o primeiro financiamento, a família já exauriu seu poder de compra. A parte da renda familiar que vai para o pagamento das dívidas passou de 19,3% em 2005 para 46,5% em 2015. Eis o travamento que se desdobrou em recessão e lucro dos bancos em um roteiro suicida para a sociedade.
É hora de pensar o sistema financeiro nacional nos termos estabelecidos no art. 192 da Constituição que dá a ele o papel de financiar equilibradamente a economia de todas as regiões do País. Os bancos precisam servir ao país e não se servir dele!