O governador Camilo Santana (PT) afirmou que partiu do Comitê de Governança do Pacto por um Ceará Pacífico a “orientação” para que a Prefeitura de Fortaleza enfrentasse o problema dos homicídios, na Capital, como uma epidemia. A decisão de tratar os assassinatos como um problema de saúde pública foi anunciada pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT), no último dia 13.
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“A ideia de utilizar esses dados dessa forma é exatamente fruto de uma orientação, feita através do comitê (Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência), que foi organizado junto com a Assembleia Legislativa, o Estado e o Unicef, e que também é fruto de um debate dentro do Pacto por um Ceará Pacífico”, defendeu Camilo.
Ele disse ainda que o Estado deve adotar o mesmo posicionamento para fazer frente ao avanço das mortes violentas no Ceará. “Claro que vamos tratar. Até porque é importante o envolvimento do Município”, assegurou, sem detalhar se adotará as mesmas medidas anunciadas pelo prefeito, como a divulgação de boletins epidemiológicos e a elaboração de políticas de prevenção voltadas para as pessoas mais vulneráveis, como familiares das vítimas. Desalinho
A afirmação do governador contraria o posicionamento do titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa. Conforme O POVO publicou na última quarta-feira, 29, Costa demonstrou estranhamento e desconhecimento da medida municipal. “Nunca foi discutido, a nível de secretaria. Não sei se foi discutido a nível de Prefeitura e Governo do Estado. Mas, conosco na secretaria, não houve essa discussão”, disse. A SSPDS, contudo, compõe o Comitê de Governança.
A entrevista com Camilo foi na manhã de ontem, na Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp), durante a aula inaugural de 1.372 candidatos aprovados no concurso público para a Polícia Militar. É a terceira turma de convocados no certame, realizado em 2016, com previsão para 4.200 vagas, além de 800 cadastros de reserva.
Os primeiros 1.350 aprovados já estão nas ruas. A segunda turma, de 1.400 soldados, fará a prova final domingo, 3. Já para a quarta turma, o governador pretende convocar candidatos para além da previsão inicial, ou seja mais do que os 878 candidatos restantes.
“O concurso foi pra 4.200. Nós estamos trabalhando com a Procuradoria Geral do Estado para ver, legalmente, quantos eu posso chamar a partir daí. Se eu posso ir até os cinco mil ou se eu posso estender. Esse questionamento está sendo discutido. Minha intenção é chamar mais”, antecipou, sem dar prazo para a decisão.
O secretário André Costa detalhou que o treinamento da terceira turma deve levar de quatro a cinco meses, incluindo aulas práticas e teóricas. “Temos uma preocupação muito grande com a disciplina de Direitos Humanos e também com a parte tático-operacional. Pela primeira vez, os praças vão treinar não somente com armas curtas, mas também com armas longas”, disse.
THIAGO PAIVA