Você está aqui: Início Últimas Notícias Pesquisadora diz que educação é caminho para enfrentar violência contra mulheres
O evento é uma promoção da Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa, e integra a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
“Penso que a violência tem que ser entendida como um elemento estruturante da formação brasileira, pois somos um país construído à base da violência, contra os índios, contra os negros e negras, contra as mulheres em geral, até a violência de classe”, afirmou Cristina Buarque.
A pesquisadora ressaltou que, durante sua gestão à frente da Secretaria da Mulher, em Pernambuco, conseguiu reduzir os índices de violência trabalhando a questão da educação. “Temos uma formação intelectual que é permissiva, que promove a violência, e é preciso enfrentar isso”, ressaltou.
Ela disse que foi construindo uma nova visão para enfrentar a violência, principalmente contra a mulher, que Pernambuco conseguiu uma redução em 13% da violência, enquanto no País inteiro se fala em aumento da violência. “Eu digo que hoje o nosso País não é só machista, é também feminista. É preciso ficar claro que nós somos iguais e, se somos iguais, então é crime quando um homem bate em uma mulher”, destacou.
Cristina Buarque lembrou que a Lei Maria da Penha veio para criminalizar a ação masculina de agressão às mulheres.
Daniel Costa Lima, psicólogo de Pernambuco e mestre em Saúde Pública, destacou o papel dos homens no combate à violência contra a mulher. Segundo ele, os dados têm revelado que o índice de violência familiar contra a mulher tem aumentado em todo o País. “Não se sabe muito bem se a violência realmente tem aumentado ou se as mulheres estão denunciando mais porque perderam o medo. Mas, de qualquer forma, está aumentando, o que é preocupante”, declarou.
Daniel Lima disse que trabalha há 20 anos buscando conscientizar que esse tema também é para ser debatido principalmente pelos homens, porque são homens que agridem as mulheres. “Setenta por cento dos casos de violência doméstica são cometidos por homens, quer sejam parceiros, ex-parceiros etc. Como é que se pode solucionar essa questão trabalhando só com as mulheres?”, indagou.
Para ele, se não houver um trabalho de educação com os homens, não haverá solução para esse problema. É preciso lembrar, ainda, de acordo com Daniel Lima, que existe toda uma construção de violência masculina, de agressividade, para demonstrar masculinidade, virilidade, e isso acarreta uma série de dificuldades dentro da sociedade. “No Brasil, em 90% dos homicídios, são homens que estão morrendo e são homens que estão matando outros homens. A violência é marcadamente masculina”, destaca.
O psicólogo não acredita que a violência masculina seja resultado do código genético, da testosterona ou do sangue. Segundo ele, está comprovado cientificamente que isso é muito mais uma questão educacional do que biológica. Por isso, ele afirma, se fomos construídos dessa maneira agressiva e violenta, nós podemos ser reconstruídos, parar e pensar sobre que rumo nós queremos dar a nossas vidas, que tipo de relacionamento queremos e, assim, fazer um movimento de mudança, de diálogo, de reeducação para a não violência.
A deputada estadual e procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, foi a terceira palestrante da programação do seminário da tarde de hoje.
WR/CG