A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do exercício de seu mandato e obrigá-lo ao recolhimento noturno, para não atrapalhar as investigações contra ele, foi chamada de "incursão despossuída" pelo deputado Fernando Hugo (PP) ontem na Assembleia Legislativa. Mesmo afirmando estar decepcionado com o tucano, a quem chama de "delinquente", o parlamentar disse que não houve flagrante e saiu em defesa da atuação do Poder Legislativo.
Para o parlamentar, o Judiciário interferiu no outro Poder de forma inconstitucional, para tomar uma decisão que considerou arbitrária. "O Aécio era para estar preso na "Papuda", no IPPOO, pelo bandido que é e que, hoje em dia, temos ciência dos seus atos criminosos, mas vivemos uma 'esculhambaria' jurisdicional. Não existe qualquer amparo para que se possa interceder num poder sobre o outro. Tirar da vida política um senador com mandato, que não foi flagrado?", questionou.
Para o deputado, o pedido de prisão que havia sido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em junho passado, do senador Aécio neves - denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro -, sem julgamento, é um absurdo. Ele frisou que não defende o tucano, mas sim, o Legislativo.
"Eu não posso de forma alguma aceitar quieto essa incursão totalmente despossuída do Supremo dentro do Senado, sequestrando um senador, que não foi flagrado. Não podem deixar de criticar o Judiciário, o Legislativo e o Ministério Público Federal que, de tanto errar na sequência dos desastres do senhor procurador Rodrigo Janot, chega a ser hoje debochado. Como é que um procurador vai para um bar, dialogar de óculos escuro com o advogado do grupo que está sendo polemizado no País? Isso é a falta de pudor total", disse Hugo.