Um dia após virem à tona áudios gravados pelos executivos do grupo JBS, em que apontam o suposto envolvimento de procuradores da República, inclusive do Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, na facilitação de benefícios em troca de delação premiada, além de eventuais escândalos com envolvimento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Fernando Hugo (PP) subiu o tom na tribuna da Assembleia Legislativa ontem contra as instituições e pediu para a população "acordar" na hora de escolher seus representantes.
As suspeitas sobre a PGR e o STF abriram crise nas instituições que estão na linha de frente das da Operação Lava-Jato. Além disso, no mesmo dia, a Polícia Federal descobriu apartamento que seria utilizado por Geddel Vieira Lima (PMDB), ex-ministro do presidente Michel Temer (PMDB), com mais de R$ 50 milhões, que podem ser fruto de propina, o que o deputado considera "esculhambaria".
Hugo afirmou que "acanalharam o Brasil a ponto de hoje o Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República emporcalharam-se na lama". "Hoje, já estamos com a fotografia mais suja, uma equação sem solução, que faz com que todos nós passemos a refletir sobre uma interrogação imensa nesse Brasil de hoje", disse. O parlamentar lembrou, ainda, que Geddel foi ministro da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). "Vamos acabar de jogar a lama só sobre o terreno do vizinho".
Fernando Hugo criticou também o "marasmo" do STF em julgar processos da Lava-Jato. Ao mesmo tempo em que disse esperar renovação política, ele demonstrou pessimismo sobre o povo criar consciência política.
"Ainda nos deparamos pelo populismo reinante e enganando a população nesse Brasil, que em tempos de agora convive com o Congresso recheado de bandidos de alta periculosidade, que dão as cartas, dizem que vão ganhar o jogo. Esse povo vai ser reeleito por conta da 'desmentalização' do nosso povo, que precisa acordar que, do jeito que está, não precisa ficar".