"A Lava-Jato está ferida de morte". A declaração foi feita pelo deputado estadual Fernando Hugo (PP), ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará, em discurso lamentando os rumos dados à Operação. "A Lava-Jato é hoje a emblematização de tudo o que é esperança em se fazer uma limpeza nesse Brasil", disse o parlamentar, em tom de revolta. "De um ano e meio ou dois anos para cá, ela vem sendo cutelada, mas resiste. Para o Brasil, como Nação, é a coisa mais importante que se viu nos últimos tempos".
Ele ressaltou o trabalho empregado pelo Ministério Público, Receita Federal e Polícia Federal. "Além de ações exponenciais de juízes", apontou, destacando Sérgio Moro e Marcelo da Costa Bretas. "Nessa conjunção toda, é bom lembrar que, até hoje, o Supremo Tribunal Federal, a casta maior da Justiça brasileira não sentenciou ninguém, mesmo que fosse absolvendo, estimulando a que continuassem a roubar o dinheiro do País".
Hugo confessou que não ocuparia a tribuna na manhã de ontem para mais uma vez tratar do assunto, todavia, se disse influenciado por declaração do ex-presidente da Câmara Federal, hoje preso, Eduardo Cunha, em relação ao ministro do Supremo Edson Fachin. Segundo ele, Cunha teria falado que Joesley Batista e Ricardo Saud, ambos da JBS, haviam o procurado, quando presidia a Câmara, para ajudar que Fachin fosse nomeado, indicado e aprovado pelo Congresso para o cargo de ministro. "Em qualquer país medianamente sério, o falador, falastrão, delator de tão grave denúncia iria imediatamente ser ouvido em todas as instâncias que se pode imaginar, menos a tortura, claro".
Exposição
Como havia feito na última semana, Fernando Hugo reclamou também da exposição constante de ministros do Supremo. "Por aí afora, em países de primeiro, segundo mundo, você mora vizinho a um ministro da Suprema Corte e nem sabe que é ministro. Aqui, os ministros brincam de dar entrevistas, falam até sobre aposta de jogo de bicho ou resultados de escola de samba. Isto é uma esculhambaria", afirmou.
Por fim, ele sustentou que o povo não pode deixar de entender que é na política que se tem alguma chance de mudar o que se tem hoje. "Isso não significa que se deixe de lado todo o mundo político da atualidade. Não. Há muita gente séria fazendo política no Brasil e no Ceará".