O corretor de loteamento Francisco de Assis Oliveira foi preso em flagrante acusado de ter participação no ato de violência contra ocupantes de um terreno no município de Crateús, a 354 km de Fortaleza. O homem foi capturado em casa, na manhã da última quarta-feira, 26.
Horas antes, na madrugada do mesmo dia, cerca de 30 pessoas armadas invadiram a ocupação de terra, incendiaram barracas e agrediram os ocupantes. Os criminosos deram tiros para o alto e desferiram golpes de foice em alguns dos manifestantes, de acordo com a Secretaria da Segurança e Defesa Social (SSPDS). Vinte pessoas saíram feridas.
A ocupação ocorre em terreno do município de Crateús próximo ao loteamento Morada dos Ventos II, da empresa Mãe Rainha Urbanismo.
O movimento é liderado pela Frente Social Cristã, que pressiona a Prefeitura de Crateús pela construção de moradias populares. O lugar abriga 60 famílias desde o último dia 19.
Os manifestantes denunciam pelo menos três episódios de ameaça, iniciados um dia após a montagem da ocupação. De acordo com Paulo Giovani, assessor parlamentar do deputado estadual Renato Roseno (Psol), que acompanha o movimento, o corretor Francisco de Assis visitou o espaço para “intimidar” os manifestantes. “Da primeira vez, ele foi com um advogado e outro homem. Eles chegaram lá não para negociar, mas para ameaçar”, demarca. “Ele (o preso) disse para desocupar o terreno porque pertence à construtora”.
Contudo, a área ocupada pertence ao Município. O terreno é destinado, legalmente, para a Prefeitura como contrapartida ao loteamento da área. “O Município repudia o que houve. Nós estamos aguardando a apuração do caso para que a gente possa se manifestar sobre isso”, disse Emanoel Ygor Coutinho de Castro, procurador-geral de Crateús.
Ele, porém, afirmou que a Prefeitura já havia levantado provas para entrar judicialmente com o pedido de reintegração de posse do terreno.
“É uma área que, se for ocupada de maneira irregular, ocorre de maneira precária”, destacou.
A assessoria de comunicação da Mãe Rainha Urbanismo admitiu que o homem preso prestava serviço para a empresa, mas não tinha vínculo empregatício. A construtora informou que está “colaborando com as autoridades locais, prestando toda a ajuda necessária para a apuração dos fatos”.
Conforme a SSPDS, o caso segue em investigação na tentativa de identificar “os outros envolvidos no fato” e “a real motivação para o crime”. (Rômulo Costa)