Fernando Hugo (PP) propôs que seja solicitada ao secretário de Segurança, André Costa, a criação de uma blitz para combater furtos nos postos
( Foto: Fabiane de Paula )
O deputado estadual Fernando Hugo (PP) alertou ontem, em discurso na Assembleia Legislativa, para a facilidade com que é possível comprar medicamentos em feiras livres, tanto em Fortaleza quanto nos demais municípios cearenses. O parlamentar, que é médico, relatou que no último final de semana fazia visita à Grande Messejana ao lado da secretária da Saúde de Fortaleza, Joana Maciel, quando foram abordados por um morador da região. O cidadão contou que na feira haveria mais remédios do que nos postos de saúde.
"A saúde pública, hoje, passa por momentos crudelíssimos, seja em que município for no País. Ir-se a um posto de saúde e encontrar-se o amparo, a prestação de serviço do atendimento médico, é, em algumas regiões, um ato heroico. Mas hoje instituiu-se uma coisa que choca-nos. Quem for a uma feira vai encontrar bancas vendendo remédios tirados dos postos de saúde".
Fernando Hugo adiantou, então, que apresentaria na Assembleia um requerimento para que o secretário de Segurança Pública, André Costa, destaque urgentemente uma equipe para averiguar a situação. "Já imaginou não ter medicamentos nos postos de saúde, mas tem sendo vendidos nas bancas das feiras? Isto é uma esculhambaria!", exclamou. "É preciso saber o caminho pernicioso para a saúde pública cearense", acrescentou.
Ele disse já ter ouvido falar que a prática aconteceria, mas não na dimensão que foi colocada. "Acreditava que fosse pontual. É em toda e qualquer feira da Grande Fortaleza, da Região Metropolitana e, hoje, já soube que tem até em municípios do Interior. Roubam de dentro dos postos de saúde, das áreas de armazenamento, para serem vendidos na feira. De que forma pode-se continuar cobrando das prefeituras a despachação medicamentosa sem que se tenha o controle local dessa despachação e policial na venda em feiras de todo o Ceará?".
Para o deputado do PP, o serviço de inteligência da Polícia poderia atuar para identificar os responsáveis pelo "derramamento de medicamentos nas feiras públicas", enquanto há ausência nos postos de saúde.
Em aparte, o deputado Ely Aguiar (PSDC) considerou a denúncia como relato de "gravidade ímpar", classificando-a como caso de polícia. "Deve ter ação por parte do secretário de Segurança Pública, que certamente está mais preocupado com a sua campanha política do que com a segurança pública da cidade", apontou. "Também há a falta de controle administrativo. Demonstra que em termos de saúde a Prefeitura não tem controle dos medicamentos", afirmou.
Investigação
Carlos Felipe (PCdoB) disse que, se já é muito difícil para os mais simples e humildes ter acesso à saúde, a situação ainda é mais agravada pela falta de medicamentos. "Cabe que haja compromisso de investigação severa nesses furtos para que possamos amenizar a dor da grande massa da população cearense".
Capitão Wagner (PR) concordou que somente o serviço de inteligência da Polícia Civil é capaz de identificar a origem dos medicamentos vendidos em feiras. "Não adianta chegar com a Polícia e prender quem vende, precisamos descobrir o mal na sua origem. Precisamos cobrar da Secretaria de Segurança e também da Secretaria Municipal de Saúde medidas para coibir esses fatos", sustentou.
Após o discurso, Fernando Hugo protocolou na Assembleia requerimento para que, caso o Plenário aprove, seja enviado ofício solicitando ao secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, André Costa, que seja criada uma blitz para "detectar, combater e aprisionar quadrilhas que furtam das farmácias de distribuição medicamentosa nos postos de saúde e unidades hospitalares no Estado".