Na Assembleia Legislativa, as sessões ordinárias das últimas semanas foram norteadas por assuntos com menor relevância para o Estado do Ceará, como já vem acontecendo há algum tempo. Para deputados estaduais, temas que deveriam ser prioridade para a população cearense ficaram em segundo plano no Plenário 13 de Maio.
Na avaliação de Renato Roseno (PSOL), os debates na Casa não têm sido feitos de forma adequada no que diz respeito à crise política, econômica, hídrica ou à segurança pública. O parlamentar lamentou que assuntos de interesses particulares de parlamentares tenham se sobressaído sobre temas que tratem do bem-estar da população.
"Aqui se tem um Parlamento que se dedica, na maior parte das vezes, a debater novas conformações dos grupos políticos", disse. Para o deputado, a discussão em torno da extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) se trata, principalmente, de disputa política entre dois grupos antagônicos no Estado. "As demais crises acabam sendo sub-julgadas a essa discussão".
Desde que iniciou tramitação de uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue o órgão, a energia de alguns parlamentares foi direcionada à matéria. Capitão Wagner (PR) ressaltou que a Assembleia "se apequena" ao se envolver em debates pessoais. "Questões importantes do Estado, como saúde, recursos hídricos e violência, ficam em segundo plano".
Cobrança
Na contagem de Fernanda Pessoa (PR), há quase um mês o Legislativo tem se limitado a discutir a PEC que extingue o TCM. Para ela, a Casa "parou". "O clamor das pessoas segue o mesmo. O Estado passa por um momento crítico na saúde e na segurança. Deveríamos estar cobrando, mas estamos calados".
Já o deputado Walter Cavalcante (PP) sustentou que há, sim, grandes debates no Legislativo. "A Assembleia está trabalhando e são várias as ações praticadas nas comissões técnicas, que são o lugar ideal para esses debates. Me sinto até constrangido de ouvir um colega dizendo um negócio desse", reagiu.