O deputado estadual Fernando Hugo (PP) criticou ontem, em discurso na Assembleia Legislativa, que, embora dia após dia sejam divulgadas denúncias de corrupção envolvendo, principalmente, o Governo Federal, agora reforçadas pela denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Michel Temer (PMDB), não se vê nas ruas movimentos como os de 2013. "Pela primeira vez na história do Brasil, em cinco séculos, um presidente da República no exercício do cargo foi denunciado pelo Ministério Público que, fartamente, teve condições de fatiar a denúncia e encaminhar uma por uma para o Supremo".
O mais preocupante, segundo o parlamentar, é a apatia do povo brasileiro. "Não vai às ruas, não clama, não reivindica dentro daquilo o que legalmente poder-se-ia esperar", citou. "O pior é que está feita a denúncia e já se sabe que a Câmara Federal vai obstacularizar a tramitação do processo e o Michel Temer, delinquentemente, porém no exercício legal do cargo, vai continuar presidente da República".
Fernando Hugo disse olhar para o horizonte e não ver manifestação popular. "Quando, em 2013, se fez manifestações e colheu-se, no Brasil, aproximadamente um milhão de manifestantes, nós, que queríamos a saída da desprotegida mental Dilma Rousseff do poder, vibramos. Domingo passado, numa movimentação LGBT se teve mais de três milhões na Avenida Paulista (em São Paulo)", analisou. "Não quero nessa analogia postar-me contra Zé, nem Maria, não sou homofóbico e nem quero entrar nessa seara. Estou, com isso, cobrando de nós brasileiros uma manifestação mínima".
Corrupção
Outro que destacou a denúncia de Janot contra Temer por corrupção passiva foi o deputado Manoel Santana (PT). "A peça está cheia de fotos, com detalhes, mostrando a corrupção que, a meu ver, não é passiva, mas ativa. O dinheiro, R$ 500 mil, seria para ele e usaram, inclusive, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para transportar esse dinheiro de um Estado para outro", apontou.
Santana ainda afirmou que, embora as informações divulgadas a partir das delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista, na Lava-Jato, tenham assustado os brasileiros, elas seriam apenas a ponta do iceberg. "A corrupção maior está no sistema financeiro", declarou o petista.