Deputada Silvana Oliveira está no meio da celeuma que tomou conta da Casa nas últimas semanas, após tornar-se líder do bloco PMDB/PMB/PSD
( Foto: Lucas Moura )
O embate entre deputados da Assembleia Legislativa, muitas vezes tratando de assuntos de interesse pessoal, sem relevância para a sociedade, tem incomodado alguns parlamentares da Casa que defendem mudança de comportamento dos colegas. As discussões em torno da extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que, inclusive, têm motivado trocas de acusações e agressões verbais no Legislativo, já duram mais de duas semanas e, aparentemente, não devem cessar tão cedo.
Na avaliação do deputado Carlos Felipe (PCdoB), todo atrito envolvendo parlamentares que parta para a agressão verbal e acusações fragiliza a Casa. Em reunião do Colégio de Líderes no início da semana, o parlamentar tratou de temas como ética no Parlamento e necessidade de serem retomados "grandes debates" do Estado, como Segurança, Saúde e crise hídrica.
Renato Roseno (PSOL) afirmou que a crise nacional chegou ao Ceará, após a divulgação da "lista do procurador Rodrigo Janot", além das delações da JBS e da Odebrecht. Segundo ele, no Estado há dois grupos antagônicos que têm se posicionado a partir da crise nacional. Assim, situações mais problemáticas do Ceará, como a crise hídrica, o desemprego e a violência urbana, estão sendo deixadas de lado. "Ocupa os debates o embate entre os grupos mais fortes".
Para Julinho (PDT), o desentendimento entre os deputados tem ocorrido por conta da briga judicial quanto à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da extinção do TCM, o que tem alterado ânimos entre os parlamentares. Em sua opinião, tal embate é desnecessário, até porque, conforme avalia, a manutenção do órgão não tem apoio popular e suas ações podem ser realizadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
"Essa situação tem nos fragilizado, sem dúvida", disse, por sua vez, o deputado Roberto Mesquita (PSD). Segundo ele, as motivações da extinção do TCM, no momento em que a PEC foi concebida, tiveram como pano de fundo "os piores sentimentos da raça humana, qual sejam vingança, prepotência e outros". O parlamentar afirmou que o que surge a partir daí não é bom para o Parlamento. "Acho que o bom senso deveria reinar em todos esses casos".
A deputada Silvana Oliveira (PMDB) está no meio da celeuma que tomou conta das discussões da Assembleia nas últimas semanas. Isso porque ela aceitou ser a líder do bloco PMDB/PMB/PSD, substituindo Leonardo Araújo (PMDB), visto que este não tinha maioria de apoiadores nem na sigla e muito menos no bloco. Além de ter sido destituído da função, Araújo também perdeu espaço na Comissão de Constituição e Justiça.
Respeito
"Quanto ao bloco, entendo que a pacificação se alcança quando a maioria está contemplada. A judicialização de causas que saem dos nossos muros desrespeita nossa própria força. Permitir interferência é ruim para a democracia", declarou a deputada. Ela defende que o Legislativo se fortaleça e afirma que os limites do respeito na Casa "foram ultrapassados seriamente".
Líder do Governo na Assembleia, o deputado Evandro Leitão (PDT) também lamentou a situação de intrigas envolvendo parlamentares, principalmente os da oposição, que, segundo ele, são de fundamental importância para a gestão estadual, visto que são responsáveis, muitas vezes, por apontar as falhas da administração pública.