Diante das constantes abordagens sobre extinção ou manutenção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) durante discursos na Assembleia, o deputado estadual Fernando Hugo (PP) apelou ontem aos colegas de Parlamento que se permitissem sair um pouco do espaço cearense para "voar um pouco" sobre o Planalto Central do País, onde, "numa rotina incansabilíssima, hora a hora dos dias curtos de 24 horas, no momento atual, escândalos e mais escândalos são jogados à população".
Ele apontou que há, hoje, uma conjunção "satânica e diabólica" instalada na vida pública brasileira. "Não imputemos somente à delinquência depravada da casta política, do Congresso Nacional e seus tentáculos nos estados e municípios, mas à vida pública como um todo".
Hugo questionou como se poderia entender ou explicar a "marmotação" do relator da Lava-Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para deixar circulando, mundo afora e Brasil adentro, "dois elementos dos quais a periculosidade é primária, ainda da vida intrauterina". Ele se referia aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa JBS. "Estão deitando e rolando. Fazendo da escola criminológica uma forma de, delatando, estarem livres".
Para o parlamentar, há "algo de esquisito" na sequência de delações. "Tem algo de mais esquisito dentro dessa farta liberdade que foi dada a eles, mas tem algo mais esquisito ainda com essa segunda delação onde fazem a citação, que é gloriosamente conhecida de todos os brasileiros, de que a organização criminosa instituiu-se no Brasil na época de Lula e Dilma".
Em aparte, o deputado Ely Aguiar (PSDC) classificou o cenário como lamentável. "A cada dia as denúncias se avolumam cada vez mais e chegamos à conclusão de que vivemos em uma 'República de Bananas', onde as coisas acontecem, mas, na realidade, nada vem atender aos anseios da população".