Perdas na distribuição de água da maior fornecedora do recurso de Israel são de 10%. Já na Cagece, este patamar chega a 40%
( Foto: Ariel Palmon )
Tel Aviv (Israel). Com problemas de escassez hídrica semelhantes ao do Ceará, Israel tem servido de modelo para o Estado no desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas para criação de novas fontes de água e para melhoria da eficiência da distribuição de recursos hídricos para o consumo humano, a indústria e a agricultura.
No domingo (23) e na segunda-feira (24), uma comitiva liderada pelo Banco do Nordeste (BNB), formada por estudantes e representantes de universidades e do governo do Estado, visitou a maior companhia de distribuição de água de Israel. Os representantes da empresa, Mekorot, foram convidados pelo deputado estadual Carlos Matos, presidente da comissão de Desenvolvimento Regional e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa do Ceará, a visitarem o Ceará em junho para trocar experiências com universidades cearenses e estreitar o relacionamento com o Governo do Estado.
A comitiva de cearenses também visitou uma startup que desenvolve sistemas de monitoramento da qualidade do recurso.
Autossuficiência
De acordo com Yossi Yaacoby, diretor da Mekorot, empresa responsável por mais de 70% da água consumida em Israel, desde 2010 o país não depende mais de chuvas para garantir o seu abastecimento.
Essa situação deve permanecer a mesma por pelo menos mais duas décadas com os sistemas já existentes.
De acordo com Yaacoby, cerca de 80% da água de beber em Israel é oriunda das quatro usinas de dessalinização, o equivalente a 700 milhões de metros cúbicos (m³) por ano.
"Como no Ceará, o espaço entre uma grande seca e outra está diminuindo, e temos tidos grandes variações das chuvas anuais", afirmou Yaacoby sobre a necessidade de se garantir a autossuficiência.
O deputado Carlos Matos destacou que a situação hídrica do país do Oriente Médio serve de exemplo para o Ceará. "Eles já não dependem mais das chuvas, o que é um sonho para nós cearenses", disse Matos.
Redução de perdas
"Ainda temos muito o que avançar, quando vemos que a Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) está com um patamar de perdas de 40% e eles têm uma perda de 10% (na distribuição de água). Então, há algo a ser feito em cooperação, por isso foi feito o convite", afirmou o deputado estadual, após convocar representantes da Mekorot para uma visita ao Ceará.
Israel tem como principais fontes hídricas o lençol freático (36%), a dessalinização (35%), reúso (16%), água salobra (9%) e água de superfície (4%). O país consome 2 bilhões de metros cúbicos, para uma população estimada em 8,5 milhões de habitantes. Deste total, 57% vão para a agricultura, 36% para as casas e 7% para a indústria.
A comitiva liderada pelo BNB também foi a Israel para participar de um intercâmbio entre o Hub de Inovação do Nordeste (Hubine) e o Centro Bengis de Empreendedorismo e Inovação.
*O jornalista viajou a convite do BNB
Fique por dentro
Missão promove intercâmbio tecnológico
A missão em Israel segue até a próxima sexta-feira, passando pelas cidades de Tel Aviv, Jerusalém e Beersheva, onde serão visitadas startups, grupos de inovação, um banco e um parque de tecnologia.
Nesta terça-feira (25) o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Marcos Holanda, junta-se à missão. Já na próxima quinta-feira (27), Holanda participa de uma mesa redonda na universidade Ben Gurion, na qual serão abordados os desafios da inovação no Nordeste do Brasil e o papel do Hub de Inovação do Nordeste (Hubine) no fomento de iniciativas na área de tecnologia.
Na ocasião, também fará uma apresentação o inovador-chefe do Hubine, Carlos Eduardo Gaspar.