O candidato Roberto Cláudio utilizou o programa de ontem no horário eleitoral gratuito para repetir propostas voltadas à educação
( Foto: Helene Santos )
Em discurso ontem na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Dr. Sarto (PDT) lamentou que ainda seja possível observar o artifício da "baixaria" na campanha para prefeito de Fortaleza. A prática, segundo ele, já não surtiria o mesmo efeito de pleitos anteriores. "A população está cansada disso. O fortalezense é muito sábio e percebe as maldades e malícias", criticou.
O pedetista utilizou o pronunciamento para responder acusações ao correligionário e candidato à reeleição, Roberto Cláudio. "O que tenho visto em propaganda eleitoral que diz que Roberto prometeu 12 UPAs, mas se observar, mais na frente, ele diz que com a ajuda de Cid Gomes faria as UPAs e as Policlínicas. Temos a equação correta que o Governo do Estado fez seis e Roberto cinco; a 12ª está sendo entregue em novembro".
>Vereador denuncia crimes
Sobre as Policlínicas, conforme relatou, uma foi entregue e duas estão em construção. "Há muitas dificuldades, mas não estamos isolados. Caiu a arrecadação do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e dos tributos da Prefeitura", apontou. Ele acrescentou, portanto, que os desafios de uma Capital do porte de Fortaleza são grandes, não sendo o município isolado e totalmente imune a problemas que acometem, inclusive, grandes capitais como Rio de Janeiro e Porto Alegre. "Estão quebradas. Em São Paulo também há dificuldade para manter a oferta de serviços", relatou. "Vamos olhar para o Brasil por inteiro".
Dr. Sarto admitiu que a atual gestão ainda tem "muitos desafios", mas disse ser injusto, por exemplo, "atribuir a insegurança à Prefeitura, que tem seu papel constitucional voltado para a prevenção".
Relação com o PT
O pedetista esclareceu, ainda, a relação entre o seu partido e o PT. "As pessoas percebem e sabem claramente a posição do ex-ministro Ciro Gomes a respeito do governo petista. Ele reconhece que há e houve muitos equívocos, inclusive com Operação Lava-Jato e Mensalão", destacou. "Nós, que somos ligados ao Cid e Ciro, nunca deixamos de reconhecer isso, inclusive fazendo cobrança em todos os níveis. Agora, o que houve foi um golpe parlamentar orquestrado", argumentou em seguida, referindo-se ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Quem também se pronunciou a respeito da campanha na Capital foi o líder do PMDB na Casa Legislativa, Audic Mota. Ele disse que teve a infelicidade de ver em redes sociais ataques contra o candidato a prefeito Capitão Wagner (PR) que partiram do deputado Ivo Gomes (PDT). "Quando os ataques partem dos eleitores nós tentamos dialogar, mas não podemos achar que seja normal e nos calarmos quando um colega da Assembleia, que já foi, inclusive, secretário de Educação de Fortaleza, faz uma postagem infeliz, fazendo chacota até mesmo com o seu posto militar que é de Capitão", reclamou.
Wagner pediu aparte para dizer que o "mau exemplo" chegou a ser copiado por uma pessoa que tem cargo comissionado na Prefeitura. "É complexo quando o exemplo vem de uma pessoa que já foi secretário. Isso é no mínimo deselegante, mas quando um lado não quer dois não brigam. Porém, é lamentável, pois quem mais perde com essas brigas é o Parlamento".
Propaganda
Se o acirramento dos ânimos da campanha ficou evidente na Assembleia, na televisão, por outro lado, as propagandas veiculadas ontem não versaram completamente sobre a polêmica que tomou as inserções de Roberto Cláudio e Capitão Wagner no dia anterior, envolvendo a Central de Medicamentos da Prefeitura. O prefeito preferiu utilizar o programa para repetir propostas voltadas à educação, enquanto Wagner, sem deixar a acusação contra o adversário de lado, sinalizou quais devem ser suas prioridades de governo se for eleito no próximo dia 30.
Roberto Cláudio, o primeiro a exibir propaganda ontem, falou de ações da atual gestão que compreendem a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Intercalado por depoimentos de mães, pais e alunos da rede municipal de ensino, o prefeito prometeu abrir mais vagas de creches, construir outras escolas de tempo integral e, ainda, garantir vagas no projeto Academia Enem.
"Quem governa uma cidade como Fortaleza tem de entender de várias áreas ao mesmo tempo, porque cada uma delas exige dedicação, experiência e conhecimento", disse, ao citar também propostas de iluminação pública, segurança e mobilidade.
Prioridades
Wagner, em seguida, pregou que segurança, saúde e educação serão prioridades em eventual governo e que usará critérios técnicos para formar a equipe de sua gestão. Em aceno ao eleitorado do PT, ele também citou a construção do CUCA, na Barra do Ceará, e a obra do Vila do Mar, para dizer que tem a intenção de atrair mais investimentos para a geração de emprego e renda na região.
Capitão Wagner criticou, ainda, a administração do Orçamento pela atual gestão e, referindo-se ao "escândalo dos remédios", voltou a fazer acusações a Roberto Cláudio. Um narrador disse que o prefeito "só fez se complicar ainda mais" ao tentar explicar que não construiu, e sim montou a Central em um dos galpões do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).