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Segunda, 19 Setembro 2016 04:16

Ceará registra 10 óbitos por calazar em 2016

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Com 193 casos registrados no Ceará, a leishmaniose visceral, popularmente conhecida como calazar, foi responsável por 10 óbitos em 2016. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), nas primeiras 36 semanas do ano, a maior incidência ocorreu em Fortaleza, com 48 casos e duas mortes. Os outros óbitos foram registrados nos municípios de Caucaia, Umirim, Choró, Independência, Umari, Acopiara, Brejo Santo e Tarrafas, com uma ocorrência cada.   Em 2014, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinam), foram 466 notificações e 42 mortes no Estado. O Ceará ficou naquele ano em segundo em número de casos, atrás apenas do Maranhão (530). Desde 2000, o pior ano para o Ceará foi em 2009, quando foram constatados 629 casos.   Transmitida ao homem pela picada do mosquito palha contaminado pela doença ao picar, principalmente, cães, roedores e animais silvestres, a constatação da leishmaniose visceral pode levar à eutanásia dos animais. Como forma de controle, o Ministério da Saúde recomenda o sacrifício obrigatório dos cães positivos no exame sorológico.   Entretanto, os Ministérios da Agricultura e da Saúde já liberaram o uso do medicamento Milteforan (Virbac) no tratamento dos cães acometidos pela leishmaniose visceral canina (LVC). A Nota Técnica Conjunta n° 001/2016 foi a que permitiu que o Ministério da Agricultura emitisse a liberação produto.   "Já sabemos que não adianta matar os cães para combater a doença. O cão é um dos vetores, é o principal, mas outros animais como coelhos, gatos e lebres também são", defende o médico veterinário, PhD em parasitologia e especialista em Leishmaniose, Vitor Márcio Ribeiro, durante o ciclo de palestras "A liberação do tratamento da Leishmaniose Visceral Canina, quais os próximos passos?", realizado no último domingo (18) na Assembleia Legislativa. Entretanto, o especialista reconhece que a eutanásia acabou sendo uma das poucas opções do poder público para enfrentar a zoonose.   Com a liberação do medicamento, aumentam as chances de o animal ficar protegido contra a leishmaniose, ajudando no combate à doença e mantendo o animal soronegativo após a vacinação. Ribeiro reforça que é importante também focar no combate ao vetor, o mosquito palha.   Alerta   O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para reduzir os índices de mortalidade em humanos, que vêm crescendo e deve se manter pelos próximos anos. "A leishmaniose visceral mata mais de 7% das pessoas contaminadas. Dos 3.613 casos novos registrados na América Latina em 2014, 3.453 foram no Brasil, cerca de 96%", explica.   O pesquisador diz ainda que o País tem 1,7 caso por cada 100 mil habitantes, e que 42,6% são em crianças. "Tivemos, em 2014, 2.511 internações, com uma média de permanência de 14 dias. E isso traz um custo muito alto para o País".   Sintomas   Quando detectado precocemente, o calazar pode ser tratado com grande chances de recuperação. Alguns dos principais sintomas são febres que reaparecem constantemente durante semanas, palidez, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, problemas respiratórios, diarreia e sangramentos. O período de incubação em humanos varia de dois a seis meses. Em cães, os sintomas são lesões na pele, emagrecimento, atrofia muscular e hemorragias.   Medicamento   O Grupo de Estudos sobre Leishmaniose Animal (Brasileish) esteve à frente dos trabalhos para liberação do medicamento no Brasil e após décadas de discussão, o grupo de pesquisas anunciou no último dia 28 de agosto que conseguiu a aprovação do Ministério da Saúde e da Agricultura para a comercialização do Milteforan, que é uma das drogas mais utilizadas na Europa para o tratamento da leishmaniose em cães.   O remédio foi testado no Hospital Veterinário Mundo Animal, em Andradina (SP), com resultados eficazes. Poderá, ser Será comercializado a partir de janeiro de 2017
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