A partir de hoje, uma campanha eleitoral diferente chega às ruas do País. Com menos dinheiro, tempo mais curto, sob holofote da Justiça e com mais fiscalização, a disputa é a primeira com novas regras, como a que veta doação empresarial e restringe a propaganda política.
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Candidatos prometem contornar dificuldades com a presença massiva nas ruas e nas redes sociais. Em Fortaleza, oito nomes estão na disputa (ver quadro ao lado).
Além do tempo pela metade (de 90 para 45 dias), há mudança em outras regras para o pleito. Foram proibidas, por exemplo, a pintura em muros e paredes e a utilização de cavaletes para divulgação dos postulantes.
Para lidar com essas restrições, candidatos e responsáveis pelas campanhas afirmam que é preciso ter “criatividade”. Intensificar presença nas ruas e marketing nas redes são estratégias adotadas por todos os oito concorrentes.
Candidato do PR, com apoio de PSDB, PMDB e Solidariedade, o deputado estadual Capitão Wagner (PR) tem recorrido frequentemente à divulgação de vídeos e banners no seu perfil oficial no Facebook. Ontem, uma de suas postagens na rede parabenizaa o prefeito e candidato à reeleição Roberto Cláudio (PDT) por seu aniversário.
Walter Carvalho, coordenador-geral da campanha de Wagner, confirma que “esse será o ano do ambiente virtual”. Todos os candidatos devem lançar suas próprias plataformas.
Nas ruas, a estratégia é apostar no voluntariado para a distribuição de material gráfico, apontado por todos como o de maior custo. Waldemir Catanho, da coordenação da campanha da deputada federal Luizianne Lins (PT), afirma que se concentrará numa “campanha fundamentada na militância, como o PT fazia antigamente”. A ideia, diz ele, é “fazer do período um centro de formação política”, com discussões sobre “práticas clientelistas”.
Políticos destacaram ainda que, com o limite de gastos e a prestação periódica de contas, esta será uma campanha com maior potencial
de fiscalização pela Justiça e pelo eleitor.
Segundo eles, também deve haver menos poluição sonora, como carros de som divulgando jingles. “O dinheiro vai para material gráfico”, afirma o deputado estadual Tin Gomes, candidato pelo PHS. “Vou apostar mais no adesivo para carro, que está sempre em movimento. Pedir para amigos e amigos de amigos.” Não pode haver pagamento em troca da adesivagem, que tem tamanho máximo fixado em regra.
Para o deputado estadual e candidato Heitor Férrer (PSB), que diz ter feito “campanha franciscana em 2012”, a escassez de recursos não é problema. Heitor comemora mudanças, como a proibição da pintura em muros, que só gerava mais custos.
O mesmo faz o candidato do PRB, pastor Ronaldo Martins, que vê “com bons olhos (uma campanha mais enxuta). Todos terão de ir às ruas e falar com o povo”.
RC promete intensificar presença nas ruas, mas manter-se na “atividade administrativa, que é importante para a cidade”. “Redes sociais, campanha de rua e discussão do plano de governo”, sintetiza o prefeito.
Candidatos
Capitão Wagner (PR)
Oficial da PM, é deputado estadual. Elegeu-se pela primeira vez em . Em 2014, foi o mais bem votado do Estado
Heitor Férrer (PSB)
Médico e deputado estadual, ingressou na política em 1987. Está no seu quarto mandato como deputado estadual
Luizianne Lins (PT)
É deputada federal, foi vereadora em 1996 e deputada estadual em 2002. Em 2004, foi eleita prefeita de Fortaleza
Ronaldo Martins (PRB)
Pastor e deputado federal, foi eleito, em 2011, vereador de Caucaia. Teve três mandatos de deputado estadual.
Fco. Gonzaga (PSTU)
Dirigente do Sindicato dos Operários da Construção Civil, disputou a Prefeitura de Fortaleza em 2012
João Alfredo (Psol)
Formado em Direito, é vereador de Fortaleza. Foi deputado estadual por três mandatos
Roberto Cláudio (PDT)
Médico por formação e prefeito de Fortaleza, foi eleito pela primeira vez em 2006 pelo PSB a deputado estadual
Tin Gomes (PHS)
Deputado estadual. Entre 2009 e 2012, foi vice-prefeito de Fortaleza. Coligação “Para humanizar Fortaleza”.