Os problemas na saúde pública do Ceará mobilizaram o debate, ontem, na Assembleia Legislativa. Alguns deputados apoiaram a reivindicação do Sindicato dos Médicos do Ceará, que, ontem, pediu na Casa, apoio dos parlamentares, para que o Estado decrete estado de emergência na Saúde.
Ao levar o assunto à tribuna, o deputado Capitão Wagner (PR) pediu ao Governo do Estado, que adote medidas “cabíveis” para minimizar a crise na área. Wagner informou que dados de julho deste ano, apontam que cerca de 19 mil pessoas estão aguardando cirurgias eletivas, além de que a média de pacientes nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais é de 355.Conforme ainda o parlamentar, nos hospitais emergenciais faltam insumos básicos para os procedimentos. “Além da falta dos recursos, há má gestão”, criticou.
Em aparte, o deputado Audic Mota (PMDB) lembrou que, na última terça-feira (24), a equipe do HGF reuniu-se para fechar a UTI do hospital. “Se fechar, é efeito cascata em toda a rede de saúde. É cortar o pescoço da rede de saúde. Esses pacientes vão para onde?”, questionou.
O deputado Heitor Férrer (PSB), que também reservou o seu pronunciamento sobre o assunto, solicitou ao governador Camilo Santana, que decrete estado de emergência na saúde pública do Ceará. Apontando matérias de jornais e relatos de médicos em redes sociais, Heitor atribuiu a crise, à falta de prioridade na gestão do ex-governador Cid Gomes.
O parlamentar citou, ainda, que 12.943 pessoas aguardam por cirurgia somente no Hospital Geral de Fortaleza. “Falta antibiótico para infecção, falta cateter para hemodiálise, faltam funcionários por falta de pagamento. De que adianta o Ceará superar o PIB do Brasil, se nosso povo sofre tanto? Governador, decrete esse estado de emergência na saúde”, sugeriu.
Já Roberto Mesquita (PV) frisou que seria difícil encontrar argumentos sólidos para contestar as denúncias e que o parlamento cearense torna-se” cúmplice”, quando não toma nenhuma medida efetiva.O deputado Carlos Matos (PSDB) ressaltou, na tribuna, a situação do hospital São José, onde salientou que os profissionais, em sua maioria, são oriundos de cooperativas, e estão com seus salários atrasados. Matos defendeu concurso público para a área. “Deveria ser decretado estado de emergência, para que alguma solução fosse pensada de forma mais efetiva”, acrescentou.
Em defesaO líder do Governo, deputado Evandro Leitão (PDT), reconheceu que “a saúde passa por um momento de crise, e as filas só reforçam a necessidade de construir novos equipamentos, como hospitais”.Leitão assegurou que o secretário de Saúde do Estado, Henrique Javi, confirmou o pagamento das pendências aos profissionais da saúde ligados às cooperativas e contratados pelo Estado. “Os pagamentos de outubro serão realizados nas próximas 72 horas”, disse.
evandro leitão (3)
O deputado também respondeu quanto as filas nos corredores dos hospitais públicos. “Temos que pensar que, antigamente, nem filas haviam, pois os hospitais não tinham capacidade de acolher os pacientes. Temos que focar agora, na construção de novos equipamentos e dos nossos hospitais do interior, para reduzir ao máximo essa superlotação na Capital”, defendeu.
O mesmo argumento foi utilizado para justificar as filas para cirurgias. De acordo com o líder, “antigamente, nem diagnósticos eram feitos. As pessoas morriam sem saber de quê”, disse. Ele explicou que, atualmente, os diagnósticos são realizados e os tratamentos viabilizados, mesmo com as filas. “Não temos o modelo ideal, mas, como disse, passamos por um momento difícil e devemos nos concentrar em ampliar nossa rede de saúde e atender as demandas da melhor forma possível”, disse.