DIVISÃO NO PSOL É MAIS UM CAPÍTULO DE ENREDO QUE VEM DE LONGEO Psol do Ceará não rachou, ele já vem rachado há pelo menos um ano e meio. Até certo ponto, a divergência é natural em partidos que têm vida política real, para além do registro de candidaturas. Mostra que há pluralidade interna e divergência de opiniões – o que é ótimo, em contraposição aos pensamentos únicos. É assim no PT, no PMDB, no PSB, no PSDB. Porém, no Psol, em grande velocidade, o racha assume dimensão muito além do que é saudável. Um mês atrás, havia ameaça de dissidência. Hoje, denúncia de fraude em documentos.
Porém, desde a primeira eleição municipal do Psol, em 2008, já houve divisão interna. O advogado Alfredo Marques foi o primeiro a se lançar como pré-candidato. Depois, o grupo que detém a maioria da legenda lançou o bancário Ailton Lopes como pré-candidato. Após adiamento, que causou polêmica, não foi escolhido nem um nem outro, mas Renato Roseno. Marques protestou e saiu do partido atirando.
Em 2010, começou a ganhar projeção no Psol Toinha Rocha, então suplente de vereador. Ele fechou acordo com o titular, João Alfredo, que tirou licença e abriu espaço para ela enquanto cuidava da candidatura a deputado estadual. Ela também topou se candidatar à Assembleia Legislativa, como forma de tentar atrair votos à legenda e, assim, tentar ajudar João a se eleger, o que não foi alcançado.
Sempre houve diferenças internas entre os grupos, mas elas começam a se mostrar de forma mais explícita há dois anos na eleição da direção do partido. Ela se declarou magoada e acusou o grupo de Roseno e João Alfredo de centralização e de tentar esmagá-la. No ano passado, o quadro se agravou. Toinha apoiou a pré-candidatura de Adelita Monteiro, agora postulante à indicação para concorrer a governadora. Mas, prevaleceu a opção por Ailton Lopes, que tinha apoio de João Alfredo e Renato Roseno.
Após a eleição passada, a cisão se tornou ainda mais grave. Na eleição para presidente da Câmara Municipal, o partido tirou posição contra o candidato único, Salmito Filho (então Pros, hoje no PDT). Entretanto, Toinha contrariou a orientação e votou no atual presidente. Além disso, ela fez críticas públicas ao que considerava tentativa da direção do Psol de tutelar seu mandato.
Há cerca de um mês e meio, ela anunciou que sairia da sigla e se filiaria à Rede Sustentabilidade. Na semana seguinte, voltou atrás de comunicou que iria permanecer.
A parlamentar tem origens políticas distintas das do resto do Psol. O partido tem entre os principais líderes gente egressa do PT, sobretudo do grupo da ex-prefeita Luizianne Lins. Já Toinha é filha do ex-deputado estadual Paulino Rocha e foi candidata pela primeira vez pelo PPS, em 2004.
Ela decidiu permanecer no partido, mas o prazo para mudança de partido a tempo de disputar as próximas eleições foi estendido até o ano que vem, em função da “janela” aprovada pelo Congresso Nacional. Até lá, vale conferir se haverá ambiente para ela permanecer no Psol.