A bem-vinda volta do parlamentar Ivo
A trajetória já relativamente longa de Ivo Gomes no Executivo estadual começou como chefe de gabinete do irmão Cid Gomes (Pros), quando construiu a articulação política que conquistou a hegemonia estadual nos municípios e garantiu a tranquilidade na Assembleia Legislativa durante oito anos. Tinha ingerência também em outras áreas, sobretudo educação e também na saúde. Mas ficava na linha de frente das chamadas “áreas meio”. Foi para a linha de frente na Prefeitura de Fortaleza, como secretário da Educação de Roberto Cláudio (Pros). O pouco mais de um ano foi pouco tempo para se ter uma análise mais concreta dos resultados. Menos ainda os seis meses como secretário estadual das Cidades do governo Camilo Santana (PT). De volta à Assembleia Legislativa, Ivo tem a oportunidade de reviver aquele que talvez tenha sido o momento mais marcante de sua trajetória política, que foi o primeiro mandato como deputado estadual.
Ivo foi eleito em 2002 e tomou posse em 2003. A partir dali começou a ganhar visibilidade estadual. Até então, tinha-se ouvido falar do irmão mais novo dos Ferreira Gomes, mas não era tido como uma figura representativa. Isso mudou no mandato parlamentar. Ivo era, a princípio, um governista pouco empolgado com a administração Lúcio Alcântara. Sobretudo depois que o irmão Cid deixou a Prefeitura de Sobral e foi para os Estados Unidos, ele pareceu se sentir mais à vontade, mais livre. Assumiu a linha de frente da atuação local da família na política. Foi quando começou a construir as bases de um discurso de oposição a Lúcio – mesmo sem rompimento declarado. Ali estava a semente da articulação que levaria Cid ao governo.
Ivo fez mandato de poucos, mas bons projetos. E de atuação qualificada, contundente. Como opositor não declarado, nunca caiu na crítica pela crítica. Mas era contundente com o que considerava errado.
Ele voltou a exercer mandatos parlamentares em outros momentos, com Cid governador. Mas, nessas ocasiões, foi apático. Irrelevante. Deixou a chefia de gabinete em junho de 2012 e passou um semestre na Assembleia, quando pouco foi visto e mal se posicionou. Em abril do ano passado, desincompatibilizou-se da Educação de Fortaleza para concorrer ao atual mandato. Tampouco foi notado. O desânimo incomodou até Cid.
Sem o irmão no governo, quem sabe se sinta à vontade para, sendo contra ou a favor, não gerar nem uma crise familiar nem parecer estar puxando brasa para a sardinha doméstica.
A BOA SINALIZAÇÃO
A entrevista de Ivo Gomes, ontem, ao jornalista Renato Sousa trouxe pontos que, se levados a sério, podem contribuir muito para o Legislativo. O primeiro, construir uma pauta própria da Assembleia, que não seja atrelada apenas ao que vem do Executivo, como se a Assembleia fosse um escritório de despachos do Palácio. Isso não significa ser contra ou a favor do governo, mas fazer política e pensar o Estado para além das propostas do governador.
E disse que defenderá os interesses da população, para além de ser governo ou oposição. Esse já é discurso bem mais recorrente e raramente concretizado. Muitos dizem e poucos fazem. Ivo tem tido atuação autônoma o suficiente para ter o crédito de que isso possa ser realidade.
Outro aspecto é o fato de que a população é plural, diversa. As ações do poder público não incidem sobre todos de forma uniforme. Quando se defende trabalhar pela população, há de se observar aos interesses de que parcela da população se está servindo.
Porém, essa premissa deveria mesmo nortear o trabalho de todos os políticos.
O parlamentar pode se alinhar à base de apoio ou fazer oposição, mas, antes de qualquer um, recebeu mandato para representar aqueles que o elegeram.
Ivo foi eleito em 2002 e tomou posse em 2003. A partir dali começou a ganhar visibilidade estadual. Até então, tinha-se ouvido falar do irmão mais novo dos Ferreira Gomes, mas não era tido como uma figura representativa. Isso mudou no mandato parlamentar. Ivo era, a princípio, um governista pouco empolgado com a administração Lúcio Alcântara. Sobretudo depois que o irmão Cid deixou a Prefeitura de Sobral e foi para os Estados Unidos, ele pareceu se sentir mais à vontade, mais livre. Assumiu a linha de frente da atuação local da família na política. Foi quando começou a construir as bases de um discurso de oposição a Lúcio – mesmo sem rompimento declarado. Ali estava a semente da articulação que levaria Cid ao governo.
Ivo fez mandato de poucos, mas bons projetos. E de atuação qualificada, contundente. Como opositor não declarado, nunca caiu na crítica pela crítica. Mas era contundente com o que considerava errado.
Ele voltou a exercer mandatos parlamentares em outros momentos, com Cid governador. Mas, nessas ocasiões, foi apático. Irrelevante. Deixou a chefia de gabinete em junho de 2012 e passou um semestre na Assembleia, quando pouco foi visto e mal se posicionou. Em abril do ano passado, desincompatibilizou-se da Educação de Fortaleza para concorrer ao atual mandato. Tampouco foi notado. O desânimo incomodou até Cid.
Sem o irmão no governo, quem sabe se sinta à vontade para, sendo contra ou a favor, não gerar nem uma crise familiar nem parecer estar puxando brasa para a sardinha doméstica.
A BOA SINALIZAÇÃO
A entrevista de Ivo Gomes, ontem, ao jornalista Renato Sousa trouxe pontos que, se levados a sério, podem contribuir muito para o Legislativo. O primeiro, construir uma pauta própria da Assembleia, que não seja atrelada apenas ao que vem do Executivo, como se a Assembleia fosse um escritório de despachos do Palácio. Isso não significa ser contra ou a favor do governo, mas fazer política e pensar o Estado para além das propostas do governador.
E disse que defenderá os interesses da população, para além de ser governo ou oposição. Esse já é discurso bem mais recorrente e raramente concretizado. Muitos dizem e poucos fazem. Ivo tem tido atuação autônoma o suficiente para ter o crédito de que isso possa ser realidade.
Outro aspecto é o fato de que a população é plural, diversa. As ações do poder público não incidem sobre todos de forma uniforme. Quando se defende trabalhar pela população, há de se observar aos interesses de que parcela da população se está servindo.
Porém, essa premissa deveria mesmo nortear o trabalho de todos os políticos.
O parlamentar pode se alinhar à base de apoio ou fazer oposição, mas, antes de qualquer um, recebeu mandato para representar aqueles que o elegeram.