Partido dos Trabalhadores (PT) inicia, hoje, em Salvador, o quinto congresso nacional da legenda, que determinará rumos do grêmio nos próximos anos. Envolto em uma crise de representatividade agravada após a repercussão recente de escândalos de corrupção, a sigla enumerou propostas a serem votadas para nortear a atuação dos filiados.
Representantes do PT Ceará contam com delegação de 82 participantes. A maior bancada, formada por 49 delegados, o Campo Democrático (que em âmbito nacional se organiza como Construindo o Novo Brasil) está em consonância em muitos pontos defendidos.
No Estado, essa corrente do PT tem como membros o governador Camilo Santana, o presidente estadual do partido, De Assis Diniz, deputados federais José Guimarães e Odorico Monteiro e estaduais Moisés Brás e Rachel Marques, além do suplente de deputado Dr. Santana.
O presidente da sigla no Ceará, que esteve na manhã de ontem participando de fórum dos presidentes estaduais juntamente com o presidente da executiva nacional, Rui Falcão, disse que cinco questões temáticas principais serão debatidas a partir de hoje: o modelo de organização do partido, comunicação, candidaturas, políticas de aliança e financiamento de campanha.
"Vamos defender a manutenção do Processo de Eleição Direta (PED) na forma de colégio eleitoral, que não teria a obrigatoriedade de se ter o pagamento das contribuições estatutárias. Com isso, todos os filiados estariam aptos a votar", declarou De Assis Diniz. Atualmente, os filiados são obrigados a fazer o pagamento dessas obrigações para participar do processo.
Sobre a comunicação, o dirigente afirmou que atualmente há uma dificuldade na política de formação, que está institucionalizada. "Temos a política voltada à comunicação e dentro da comunicação precisamos ter formação", defendeu.
Em resposta ao envolvimento de lideranças do partido com desvios de recursos públicos, como o caso da Petrobras, De Assis aponta ser necessário resgatar os valores da agremiação com foco em uma política formativa.
A definição de candidaturas e as políticas de aliança também devem ser debatidas. De acordo com o presidente do PT cearense, hoje o mecanismo é burocrático, tendo que passar por dois encontros, congresso e plenária. A proposta é que haja um debate interno e encontros eleitorais de tática, que seriam definidores para as alianças.
Dívida eleitoral
No tocante ao financiamento de campanha, o PT é contra doações empresariais. No Ceará, o partido ficou devendo mais de R$ 11 milhões a credores na campanha do governador Camilo Santana. Na prática, a sigla gastou mais do que arrecadou de doações de empresas. "A campanha eleitoral foi dentro de um formato. Temos que zerar os contadores e começar um novo momento. A dívida contraída não pode ser inserida nessa nova regra", sinalizou De Assis.
A deputada Rachel Marques afirmou que, mesmo o Congresso focando em discussões internas do partido, debates a respeito da participação do PT junto à sociedade devem ser realizados. "Temos que reconhecer que o partido construiu um ponto de vista junto aos movimentos sociais e sindicais para que com isso possamos fortalecer cada vez mais o partido junto às camadas populares", defendeu.
O deputado Odorico Monteiro afirmou que as dificuldades enfrentadas pelo Governo Federal são naturais do processo de quem está há mais de 12 anos no poder. "Nosso projeto estratégico foi ganhar a presidência da República. Acho que agora temos que ressignificar nosso projeto para dar passos táticos ao futuro", destacou.