Simpatizantes do ex-ministro Cid Gomes (Pros) estão articulando, pelas redes sociais, uma manifestação cobrando a renúncia do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ). A convocação está sendo feita pela página “Eu exijo a renúncia do Eduardo Cunha”, compartilhada por Ciro Gomes nos últimos dias. Desafeto dos irmãos Ferreira Gomes, Cunha é um dos investigados da Operação Lava Jato, que revelou esquema de corrupção na Petrobras. A página, entretanto, não traz detalhamento sobre o local do ato.
Cunha é adversário político dos irmãos Ferreira Gomes, mas a relação se agravou após renuncia de Cid Gomes do Ministério da Educação. Na semana passada, Cid foi ao plenário da Câmara convocado pelos deputados para explicar declaração de que a Casa tinha “de 300 a 400 achacadores”, feita há quase um mês em um evento fechado em Belém. A sessão transformou-se em intenso bate-boca, e o ex-ministro chegou a apontar Eduardo Cunha e dizer que preferia “ser acusado de mal educado do que ser como ele, acusado de achaque”. Do Congresso, Cid foi diretamente ao Palácio do Planalto, de onde saiu demitido do cargo de ministro.
No dia seguinte ao episódio, Ciro compartilhou a página que solicitava a renúncia de Cunha. Ontem, ele compartilhou um site que coleta assinaturas eletrônicas, que pede a renúncia de Eduardo Cunha e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado Federal. “É inaceitável que as duas pessoas mais influentes do Congresso Nacional sejam investigadas pelo Supremo Tribunal Federal [STF], no âmbito das investigações de corrupção na Petrobras. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunh, e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, precisam renunciar imediatamente das presidências da Câmara e do Senado para que as investigações possam ocorrer de forma transparente”, justifica a página sobre a petição. Após o compartilhamento de Ciro, a página somou mais de 1.800 assinaturas até o fechamento desta edição. A meta é chegar aos 10 mil.
Aliado de Eduardo Cunha, o deputado Danilo Forte (PMDB) criticou a manifestação e disse que o correligionário saiu “fortalecido” do episódio. “Essas manifestações não existem”, salientou. Já aliados de Cid, apoiam o ato. Para deputado federal Antônio Balhmann (Pros), o pedido de renúncia de Cunha foi uma “reação” do que se planejou contra Cid. “Foi uma convocação que tinha o propósito de humilhá-lo na frente da Câmara Federal, onde houve todo um cenário para achincalhar o Cid e, na verdade, aconteceu o inverso”, disse Balhmann. “São fatos políticos que precisam ser amadurecidos, afinal, ele [Eduardo Cunha] está lá em função da bancada toda”, pontuou.
Vereador apresenta moção de repúdio
Os vereadores de Fortaleza articulam a votação de uma moção de repúdio contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ). A proposta apresentada por Adail Junior (Pros) deve ser votada ainda esta semana. Ao jornal O Estado, Adail explicou que a ação foi motivada em virtude da expulsão de parlamentares cearenses da galeria por ordem de Cunha. Eles ficaram em frente a um telão instalado no Salão Verde para acompanhar a sessão. A situação ocorreu quando o ex-ministro Cid Gomes foi a Casa explicar as declarações contra os deputados.
Segundo ainda Adail, Cunha teria chamado os parlamentares de “claque”. “Estranhei o comportamento dele [Cunha] contra os parlamentares cearenses. Isso é um absurdo”, disse, ao lembrar as falas do peemedebista. Entre os expulsos, estavam os presidentes da Câmara Municipal, Salmito Filho (Pros), e da Assembleia, Zezinho Albuquerque (Pros), além do governador Camilo Santana (PT) e os prefeitos de Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros), e de Sobral, Clodoveu Arruda (PT).