Lula Morais cita crise mundial, desvalorização do real e mau humor da imprensa em relação à economia para justificar a queda de valor da estatal
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Em resposta ao desafio lançado pelo deputado Carlomano Marques (PMDB) no dia anterior, Lula Morais (PCdoB) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã de ontem, para citar explicar a queda de valor da Petrobras no mercado internacional. Apontou os efeitos da crise mundial da economia em 2008, a desvalorização do real ante o dólar e o mau humor da imprensa em relação à economia do País como as principais razões.
O parlamentar comparou a perda de valor da estatal a uma febre, indicando que a desvalorização da petrolífera seria um indício de uma doença que precisa ser investigada mais a fundo para que pudesse ser detectada. No entanto, destacou que, depois que o ex-presidente Lula assumiu o governo, o valor da Petrobras foi multiplicado 20 vezes em relação ao que ela valia no governo anterior.
"Para se ter ideia, em dezembro de 2002, a Petrobras valia 15 bilhões de dólares. Em maio de 2008, a crise foi em setembro daquele ano, o valor da Petrobras era de 309 bilhões de dólares. Na mão de Lula, a Petrobras multiplicou seu valor por vinte vezes em seis anos. Essa empresa estava nesse patamar de valorização", destacou o deputado.
Crise de 2008
Na visão do parlamentar, a crise mundial que eclodiu em setembro de 2008 foi a principal razão para a desvalorização da estatal. Ele salientou que, na época, todas as grandes empresas do mundo sofreram o impacto da crise e a Petrobras aparece como segunda na lista das que mais se desvalorizaram. "Segundo dados deste ano, quem mais perdeu valor foi do banco espanhol Bankia, que teve 50% de redução. A Petrobras aparece em segundo, com 34% de perda", declarou.
Lula Morais lembra que outras empresas brasileiras figuram na lista. "A Vale Rio Doce perdeu 29,1% do valor, o Banco do Brasil, 29,1%, e o Bradesco, 25,1%. Ou seja, isso não é um efeito que recai exclusivamente sob a Petrobras", concluiu. Ele ressaltou que, ao destacar apenas a Petrobras como empresa que perdeu valor de mercado, retira-se o contexto e perde-se o referencial. "Não se pode deixar de observar o conjunto".
O parlamentar ainda citou a desvalorização do real em relação ao dólar e o mau humor mantido pela oposição e pela grande mídia sobre a economia brasileira como fatores que contribuíram para a perda de valor da estatal. "Se a sua moeda se desvaloriza, do ponto de vista das empresas que são medidas em função do dólar, faz cair o seu valor na bolsa (de valores)", apontou. "E temos problemas internos, de confiança na economia, dos investidores internos e externos, e esse mau humor divulgado pela mídia termina interferindo", acrescentou Morais.
O deputado destacou que, apesar do momento complicado pelo qual a empresa passa a empresa por estar no centro das investigações de esquemas bilionários de corrupção, o banco alemão Deutsche Bank recomendou, através de relatório, a compra de ações da Petrobras. "Essa notícia é de ontem. Está calcada em uma perspectiva de forte produção e retorno financeiro", completou.
Meta de produção
O parlamentar aliado ao governo da presidente Dilma comentou que, de acordo com o relatório divulgado pela empresa, embora o banco não acredite que a meta de produção para 2020 de 4,2 milhões de barris de óleo por dia seja atingida, ainda estima-se "uma taxa de crescimento anual de 10% na produção total de hidrocarboneto, o que tornará a Petrobras a produtora mundial de petróleo que mais cresce em todo o mundo", conforme afirmou Lula Morais.
Rememorando outros escândalos de corrupção que aconteceram no País, como a "privataria tucana", "vampiros da saúde", "trensalão tucano" e "máfias do sanguessuga", o deputado destacou que todos os envolvidos nestes casos estão livres, diferentemente dos escândalos mais recentes que envolvem o Governo Federal. "O Brasil vai sair desse processo maior do que já é", acredita Lula Morais.