Para Tin Gomes, o importante é o presidente da comissão ter força para comandar a agremiação. O diretório, porém, dá mais segurança a todos
FOTO: FABIANE DE PAULA
A maioria dos partidos no Ceará ainda se limita a atuar através de comissões provisórias. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), dos 31 partidos com representatividade no Estado, pelo menos 18 estão nessa situação. A comissão provisória pode ser desfeita no momento que não convier mais ao diretório nacional. Os dirigentes locais não gozam de autonomia.
Alguns presidentes dessas siglas entrevistados pelo Diário do Nordeste informaram que, a partir das eleições deste ano, terão mais condições de solicitar a constituição de diretórios, em substituição às comissões, já para 2015. Outros, porém, afirmaram que o formato dá mais liberdade para as agremiações.
Segundo dados do TRE PCdoB, PDT, PMDB, PMN, PP, PPL, PPS, PSD, PSDB, PSL, PSOL, PSTU e PT têm diretórios estaduais constituídos. Já DEM, PCB, PEN, PHS, PR, PRB, PROS, PRP, PRTB, PSB, PSC, PTB, PTC, PTdoB, PTN, PV, SD e PSDC ainda mantêm as comissões provisórias. Os partidos PPL e PSL, em levantamento anterior feito pelo Diário, ainda trabalhavam no formato de comissões, mas passaram a ter diretórios estaduais.
O deputado Tin Gomes, presidente do PHS, informou que, apesar de o partido estar atuando no Ceará com uma comissão provisória, o poder da presidência, por exemplo, se mantém o mesmo, não tendo qualquer reclamação sobre o fato. Segundo ele, o importante para a legenda é ter o mesmo prazo de comando dos diretórios, que é de quatro anos.
Atração
O humanista, porém, afirmou que já está trabalhando para que, a partir de 2015 inicie um trabalho de constituição de diretórios nos municípios onde o PHS tem representatividade, assim como para atração de mais filiados para, em seguida, indicar nomes para serem candidatos a prefeito e vereador.
Presidente do PR no Ceará, Lúcio Alcântara, afirmou que a legenda permanece como comissão provisória, afirmando, porém, que há uma intenção da parte da direção nacional em fazer a mudança. No entanto, ele garante que a permanência como comissão provisória em nada atrapalha a atuação da presidência local.
"O problema é que, por exemplo, não podemos fazer convenção a não ser pela nacional. O partido está crescendo, já temos 34 deputados federais, e já se pode fazer diretórios. Isso tem que ser algo em caráter geral, não se pode resolver somente no Ceará. Mas na primeira reunião que tivermos, com certeza, esse será um assunto debatido", defendeu. No PT do B, o presidente da agremiação, Haroldo Abreu, disse que não há qualquer problema em se ter uma comissão provisória, destacando ainda que o partido, assim como os parlamentares que o representam, têm a liberdade para decidirem se ficam ou não no grupo.
Segundo ele, quando uma sigla é constituída de comissão provisória dá margem para que todos trabalhem de forma mais coesa e com mais responsabilidade para não serem punidos pela executiva nacional. "Na hora em que o membro não quiser ficar no partido sai. O partido é um órgão só, não é independente. Com a provisória nos damos uma liberdade muito grande. Ninguém é obrigado a ficar no partido, na hora que quiser sair ele vai sair", explicou.
Toinho do Chapéu, presidente do PTN, disse que há cerca de dez anos vem tentando criar um grupo ideológico dentro do partido no Ceará, ressaltando que há dificuldade para a constituição desse grupo, e consequentemente, de um diretório coeso, com pensamento igualitário entre todos os membros. "O PTN aprovou um estatuto no ano passado, e a partir de agora queremos buscar a formação de diretórios. O partido passou por dificuldades nos últimos anos, mas conseguimos reorganizar tudo", disse.