Os candidatos ao governo do Ceará no segundo turno, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), já disputam a participação da presidente Dilma Rousseff (PT) na campanha. No primeiro turno, Dilma não gravou depoimento e nem subiu no palanque dos candidatos, ambos de partidos da base do Planalto. O compromisso de neutralidade foi acertado com o PMDB nacional.
Ex-ministro de Lula, Eunício é um dos nomes fortes do PMDB no Nordeste e tentará, agora, que a presidente mantenha o posicionamento. Em visita a Fortaleza, no começo de setembro, Dilma manteve Eunício e Camilo fora de sua agenda de campanha.
Na propaganda do primeiro turno, os dois candidatos improvisaram com imagens e discursos antigos para demonstrar a “ligação” com a presidente, que alcançou 68% dos votos no Ceará, contra 15% de Aécio Neves (PSDB) e 14% de Marina Silva (PSB).
O PT cearense já promove gestões para que Dilma possa ser um trunfo na campanha de Camilo, que poderia levar o partido ao poder pela primeira vez no Estado. O petista também é o candidato do grupo que está hoje no poder no Ceará, do governador Cid Gomes (Pros) e de seu irmão Ciro Gomes, atual secretário da Saúde do Estado.
“É inadmissível que o PT nacional não apoie o PT no Ceará. Se a presidente Dilma não puder vir por estar em campanha, que venha o Lula. Precisamos de nomes fortes do nosso lado”, disse o presidente da sigla no Ceará, Francisco de Assis Diniz. Diniz afirma que irá levar essa demanda ao presidente nacional da sigla, Rui Falcão. “O Lula disse que, onde houvesse um petista, ele iria pessoalmente apoiar. Estamos cobrando essa posição dele agora”, disse.
O PT local também cobrou “nomes fortes” no primeiro turno - vieram os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral). Além do Ceará, o PT teve candidatura própria apenas na Bahia e no Piauí e venceu no primeiro turno nos dois estados. Lula só esteve na Bahia e em Pernambuco até agora na campanha. Segundo a assessoria do ex-presidente, ainda não há definições sobre viagens dele na campanha do segundo turno.
NEUTRALIDADE
A campanha de Eunício quer que Dilma mantenha a neutralidade na eleição cearense, mas irá intensificar a associação à imagem da presidente, ainda que com registros antigos. No primeiro turno, o PMDB empregou a imagem da presidente com moderação, para acomodar o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) na chapa. Tasso foi eleito para o Senado com 58% dos votos.
“Agora que o Tasso não está mais na chapa, vamos usar muito a imagem da Dilma. Ela apoia o Eunício, e o povo cearense precisa saber disso. A presidente não é monopólio de uma única chapa do Ceará”, diz Gaudêncio Lucena, coordenador da campanha do PMDB.
Eunício Oliveira costuma lembrar que tem um “acordo” com Lula para que ele não interfira na eleição do Ceará. “Ele é um homem de cumprir palavras tanto quanto eu. Sou um senador da base aliada e importante para interlocutor do governo no Congresso”, disse. Ontem, o senador viajou para Brasília para negociar a “indiferença” do PT nacional na disputa. Chega à negociação como líder do PMDB no Senado - partido que manterá o maior número de cadeiras (18) na Casa na próxima legislatura