O teólogo Leonardo Boff concedeu entrevista coletiva, ontem, em Fortaleza, onde se comprometeu em apoiar as candidaturas de Dilma Rousseff (PT) e Camilo Santana (PT). De acordo com ele, o Brasil viveu um período de avanços nos últimos governos petistas. Boff destacou a pesquisa Ibope divulgada, ontem, pelo Diário do Nordeste, que mostra o candidato do PT ao Governo Estadual, Camilo Santana, a cinco pontos do primeiro colocado, Eunício Oliveira.
Conforme a liderança, a proximidade entre as candidaturas demonstra que a população está indecisa e a tendência é que Camilo suba nas próximas pesquisas. "O ideal seria que o Camilo ganhasse para estar mais afinado com o Governo central, porque acredito que a Dilma irá se reeleger", defendeu.
Na quarta-feira, Leonardo Boff se encontrou com o petista, quando anunciou apoio à sua candidatura. "Considero Camilo Santana um candidato extraordinariamente adequado à realidade do Ceará, porque conhece muito bem a situação do Estado", declarou.
Enaltecendo o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Boff lembrou que o ex-gestor saiu do Nordeste e focou nas politicas sociais. "Nesses doze anos, uma Argentina inteira foi integrada na sociedade. Aquilo que é bom e seguro deve ser continuado, consolidado, melhorado, aprofundado, abrindo novas dimensões", apontou.
Segundo o religioso, Marina Silva (PSB) suscitou bem o tema da sustentabilidade, mas não expandiu o assunto. Ele opina que a candidata tem pouca base social e muito apoio do sistema financeiro, além de grupos americanos. "Acho que ela tem uma espécie de característica de aventura política. Porque deverá fazer alianças, criar uma base parlamentar e se caracterizou em fazer uma política acima dos partidos, isso é irrealismo", criticou.
Neoliberalismo
Já o PSDB, com Aécio Neves, representa, na avaliação de Boff, a "tradição" de Fernando Henrique Cardoso, "do neoliberalismo". "Antes (o Brasil) era a 13ª potência econômica do mundo, hoje é a sétima", ressaltou. Ele afirmou que nos últimos anos os brasileiros têm melhorado a qualidade de vida, mas destacou que é preciso avançar. "Cada partido tem o seu projeto e vamos analisar com certo detalhe os conteúdos o que está por trás desses projetos", apontou.
Para o estudioso, a democracia brasileira ainda é marcada por "muitas negociatas", por meio de coligações geradas apenas para levar vantagens. "É o famoso patrimonialismo. Isso significa que a pessoa se apropria dos bens públicos e os privatiza. Isso é histórico no Brasil". Boff lembrou que as manifestações de junho do ano passado demonstraram que a população deseja uma democracia mais participativa. "Isso, eu creio, é o grande desafio de uma reforma política que deverá vir", pontua.