A edição de ontem deste jornal trouxe mais uma prova da barafunda em que se transformou a política (aqui e alhures), tornando quase impossível a sua compreensão pelas pessoas, chamemos assim, “comuns”.
A notícia é que o prefeito Roberto Claudio demitiu dois secretários do PMDB por eles terem se recusado a entrar no Pros, partido do chefe do Executivo, que por sua vez é aliado da família Ferreira Gomes, que controla o governo do Estado pelas mãos de um dos irmãos, Cid.
O fato de Roberto Claudio ter feito com seus auxiliares o que o secretário da Fifa, Jérôme Valcke, queria fazer com o Brasil, foi retaliação ao presidente do PMDB, senador Eunício Oliveira, que debandou-se do governo para concorrer ao cargo de governador do Estado. Passou, então, a ver só defeitos onde antes via somente vantagens.
Acontece que, nas eleições municipais de 2012, o PMDB e o PSB (na época o partido dos Ferreira Gomes) estavam unidos para eleger (como elegeram) Roberto Claudio prefeito de Fortaleza, com vice indicado por Eunício, contra o PT (que continuava aliado do governo no plano estadual).
O símbolo da forte unidade entre Cid e Eunício Oliveira é a extraordinária foto de ambos mordendo, conjuntamente, a mesma rapadura, em uma dessas disputas em que estavam coligados. Hoje, como dizem os colunistas sociais, não os convidem para a mesma mesa (mesmo que seja para comer caviar), pois o governador que era do PSB e hoje é do Pros, resolveu indicar um candidato do PT, Camilo Santana, para desfeitear Eunício, que continua a favor do PT federal.
Se você, amigo leitor, está com dificuldade para entender o que estou tentando explicar, por favor, não culpe este modesto escriba. Para dar conta dessa irrealidade cotidiana, somente um escritor da escola do Realismo Fantástico, que estou longe de alcançar.
PS. A sério: se não há salvação fora da política, pelo andar da carruagem, está chegando a hora de salvar a política dos políticos.
Plínio Bortolotti
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Jornalista do O POVO