A liderança governista tenta desqualificar a cobrança de Heitor, alegando que o fato está sendo requentado
Uma cobrança feita ontem, pelo deputado Heitor Férrer (PDT), sobre uma resposta do Governo do Estado em relação a um possível esquema de tráfico de influência e enriquecimento ilícito, através de intermediação de empréstimos consignados para servidores públicos estaduais, acirrou o debate ontem, na Assembleia Legislativa. O deputado Carlomano Marques (PMDB) disse que a denúncia era "franzina, requentada" e que Heitor se utilizava dela para ganhar espaços nos meios de comunicação
O pedetista disse ter enviado em dezembro do ano passado, a pedido do próprio governador, documentos que comprovam a existência desse esquema denunciado por ele em 2011. Mas até o momento, Heitor Férrer alega não ter recebido nenhuma resposta por parte do Governo do Estado.
"O silencio foi a resposta. Ou seja, a representação popular é de certa forma aviltada, desprezada, desconsiderada e desrespeitada profundamente pelo governante que sequer teve o trabalho e o zelo de manifestar qualquer resposta", considerou, afirmando que já recebeu mais documentos denunciando enriquecimento ilícito através dos empréstimos consignados.
Como não obteve qualquer posicionamento do Executivo, o deputado disse ter encaminhado a documentação à Procuradoria de Justiça do Estado, solicitando a anulação do contrato realizado entre a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e a ABC Administradora Brasileira de Cartões S/A, empresa responsável por gerenciar os empréstimos consignados do pessoal ativo e inativo da administração estadual.
Credenciada
Férrer aponta que a ABC fere o contrato realizado. Ele explica que no contrato está posto que a ABC tem o papal exclusivo de gerir os consignados, não podendo prestar os mesmos serviços das empresas da rede credenciada, que têm a função de intermediar os empréstimos entre os servidores e os bancos.
Contudo, alega que a empresa Promus Promotora de Crédito e Cobranças Extrajudiciais Ltda, que tem como administrador Luis Antônio Ribeiro Valadares de Sousa, e que faz parte da rede credenciada, é a mesma ABC, pois possuem os mesmos sócios.
A base governista não deixou passar o pronunciamento do pedetista. O vice-líder do Governo na Casa, deputado Carlomano Marques (PMDB), foi o primeiro a se posicionar, afirmando que o discurso de Heitor Férrer, dentre outras coisas, é "miúdo" e "repetitivo". O peemedebista pediu os documentos levantados por Heitor Férrer, assegurando que os demais parlamentares não tiveram acesso a essa papelada.
"Querer colocar o governador no rol dos corruptos, vossa excelência tenha paciência, mas o povo não vai perdoar isso. Discurso mofino, franzino que não cola. Se eu fosse vossa excelência arrumava outro assunto porque esse não dá mais, não", disparou.
Heitor Férrer rebateu a afirmação de Carlomano Marques, entendendo ser o papel do vice-líder defender o Governo. "Meu discurso franzino zela pelo sofrido servidor. Nesse seu discurso musculoso vossa excelência está fazendo a defesa da exploração do servidor, está defendendo o enriquecimento ilícito, está defendendo esse esquema. O seu discurso robusto e musculoso defende quem está explorando e espoliando o fragilizado servidor público", desabafou.
Café requentado
Carlomano Marques fez questão de salientar que nunca praticou nem defendeu corrupção, alegando que Heitor Férrer não tem discurso. "Esse discurso vazio, franzino e mistificador não leva a nenhuma verdade", opinou.
O líder do Governo na Casa, deputado Antônio Carlos (PT), também rebateu o pronunciamento de Heitor Férrer, classificando o assunto dos consignados como "café requentado". O petista argumentou que esse debate foi feito durante todo o segundo semestre de 2011, tendo ficado tudo explicado. "O Bradesco e a Caixa Econômica têm o poder de fazer a contratação das empresas e os juros praticados são de mercado. Não há nada fora desse contexto", assegurou.