Deputado Professor Pinheiro reagiu às acusações feitas pelo seu colega de Assembleia, Ely Aguiar, ao responsabilizar o Governo Federal pela insegurança reinante em vários pontos do Brasil
FOTO: JOSÉ LEOMAR
A morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, que foi atingido por um explosivo durante protesto no Rio de Janeiro, na última semana, gerou um embate e troca de acusações entre deputados, ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa. Em homenagem ao profissional, os parlamentares fizeram um minuto de silêncio e cobraram uma intervenção mais enérgica por parte das autoridades públicas contra o aumento da violência no País.
O deputado Professor Pinheiro (PT) lamentou a morte do cinegrafista e disse que algumas pessoas têm se utilizado do regime democrático de direito para "extrapolar" qualquer vivência democrática, utilizando-se da violência. Ele destacou que há atos criminosos sendo realizados, como a queima de um fusca, de propriedade de um serralheiro, durante uma manifestação e defendeu a proibição de máscaras em protestos.
O parlamentar lembrou o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, nos porões do DOI-Codi, e disse que ali eram constituídos "verdadeiros cenários para dizer que os perseguidos pelo sistema tinham sido mortos em combate". De acordo com o parlamentar, os opositores do sistema, na época da ditadura, eram taxados de terroristas perigosos e eram perseguidos. Pinheiro avaliou que atualmente determinados eventos estão sendo usados para desestabilizar os governos e, "por falta de bandeira", partidos políticos buscam criar cortinas de fumaça para tirar proveitos eleitorais.
A deputada Rachel Marques acha "perigoso" comprometer de alguma forma a liberdade de expressão e afirmou que a maioria das pessoas que participam de manifestações quer se manifestara de forma pacífica e não compactua com tal forma de violência. Ela defendeu as manifestações, e ressaltou que o PT nasceu nos movimentos sociais e que é algo importante e legítimo os embates nas ruas, sem violência. "Essa reflexão é importante e por isso precisamos delimitar o que é importante para nossa democracia", disse.
Proteção
Já o deputado Manoel Duca (PROS) divergiu das falas da parlamentar e disse que toda a população reconhece o aumento da violência em todo o País. "Nós estamos vivendo hoje, na década de 2000 e é necessário que o Governo do PT, que comemora agora 34 anos, de partido tenha pulso. Há uns anos atrás mataram o jornalista Tin Lopes, por conta da violência nos morros. Eu sempre fui a favor de chamar as tropas federais", disse ele, que é militar reformado.
O parlamentar informou que "falta pulso" do Governo e criticou a secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que em sua opinião, "está acabando com tudo com essa proteção que dá às pessoas erradas". "Tem que ter pulso forte para reprimir. Eu quero saber onde vai parar essas escalada da violência", atacou. Já o petista Professor Pinheiro informou que as Forças Armadas não estão preparadas para ir às ruas. Em relação a ação da ministra Maria do Rosário, ele afirmou que Duca estava "equivocado" ao criticá-la.
"Alguns querem usar esse momento para retomar o caos que vivemos durante a ditadura militar", lamentou Professor Pinheiro. Welington Landim (PROS) ressaltou que a ação dos grupos denominadas de black bloc prejudicou não só os movimentos sociais como também toda a sociedade. "Acho que a Polícia não está preparada, o Exército não está preparado e essa confusão vai causar muitos danos à sociedade", disse.
Escalada
Manoel Duca, em contrapartida, disse que nos registros oficiais, a presidente Dilma Rousseff, assim como José Dirceu, estão taxados como assaltantes de banco, e afirmou que nos dez anos do Governo petista houve uma escalada da violência no Brasil. "O tema hoje em nosso País é insegurança. Ninguém pode mais ir às ruas, a todo momento há um roubo de carro", lamentou o parlamentar.
O deputado Ely Aguiar (PSDC) disse que o Exército enfrenta dificuldade pois não pode sequer comprar aviões e em contrapartida o Governo Federal investe em construção de equipamentos no porto de Cuba. "Eu nunca vi na minha vida uma violência tão acentuada depois que o PT assumiu o poder. Pinheiro não gostou e disse que Ely estava desrespeitando o Parlamentar ao pensar que ali era um programa de televisão.