O senador Eunício Oliveira (PMDB) participou de mais uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, na manhã de quinta-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília, quando recusou, novamente, o convite para assumir o cargo de ministro da Integração Nacional, além de dar as cartas no comando do Banco do Nordeste (BNB), da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codeas).
A reunião durou aproximadamente uma hora. A presidente deu um prazo de 15 dias para que o senador respondesse ao seu convite. Eunício não esperou, na hora assegurou que vai ser candidato ao Governo do Ceará e, ainda, que conta com o apoio do governador Cid Gomes (Pros) e do PT. Dilma teme que, com a candidatura de Eunício e, possivelmente, de outro candidato indicado por Cid, o seu palanque de campanha, no Ceará, possa ficar dividido.
De acordo com o deputado federal Mário Feitoza (PMDB), ao receber o convite da presidente da República, o senador “se sentiu em uma situação difícil”, por estar certo da sua candidatura ao governo do Ceará. “Ele está preparado para assumir uma campanha como candidato a governador e me disse: ‘Eu não vou aceitar’. A decisão dele foi muito positiva”, afirma Mário Feitoza.
O deputado cearense aproveitou para lembrar que o PMDB aguardava o Ministério da Integração há quatro meses e não esperava que Dilma oferecesse a pasta apenas se Eunício assumisse. “O PMDB sentiu que ela deveria deixar o partido escolher. Queremos ter ministérios, mas a presidente entrega a cabeça e não entrega o corpo”, reclama Feitoza. Ele acrescenta que Dilma “tenta arrumar o Ceará, para que Cid fique confortável, com Eunício fora do páreo”.
A estratégia do governo Dilma seria levar Eunício para sua equipe na reforma ministerial iniciada este mês, tirando o senador da disputa pela chefia do Palácio da Abolição e abrindo um caminho para um acordo entre o PT e o Pros. Diante da articulação, um aliado de Eunício, que pediu reserva, disparou: “Não adianta. Ele [Eunício] não se vende. Recusou mais um convite e vai recusar quantos vierem, em prol de manter a sua candidatura ao governo do Ceará”.
Na segunda-feira, Eunício já havia recusado o cargo de ministro da Integração Nacional, por não achar correto ficar inelegível. Durante reunião realizada entre a cúpula do PMDB, foi concedida uma “moção de aplausos” para o senador, por ter rejeitado o comando da pasta.
Lideranças esperam movimentação de Eunício
Os partidos, tanto de situação, quanto de oposição, continuam à espera da decisão de Eunício para poderem se movimentar. Há alguns meses, a indefinição pairava sobre o nome indicado pelo governador Cid Gomes (Pros) para a sucessão estadual. Agora, todos os olhares se voltam ao senador e à sua possível postulação ao governo. O rompimento, ou não, da aliança com Cid Gomes pode dar o tom da disputa em 2014.
Na Assembleia Legislativa, ontem, o deputado estadual Fernando Hugo (SDD) acusou a presidente Dilma Rousseff de fazer manobra para tirar o senador da disputa. Para ele, a presidente tentou “comprar” o peemedebista.
A indicação ao ministério, pelos corredores da AL, também foi vista como uma espécie de “prêmio de consolação”, uma vez que o PT quer construir um palanque único do Ceará, que reúna o candidato do governo Cid, além do PMDB.
APOIO
Enquanto isso, a deputada federal Gorete Pereira (PR) continua aguardando que Eunício confirme sua possível candidatura ao governo, para que a legenda resolva – em definitivo – quem vai apoiar. A parlamentar disse ter certeza de que o peemedebista postulará a chefia do Palácio da Abolição, porque o sinal verde já aconteceu quando ele rejeitou o Ministério da Integração.
“Qualquer político se sentiria honrado com o convite, mas, como pensa em governar o Ceará, Eunício deu resposta negativa”, afirmou. Pereira também citou as caminhadas do senador pelo interior cearense como indícios da postulação.
Ela assegura que, pessoalmente, apoiará a candidatura de Eunício e acha que o partido, como um todo, também fará o mesmo. O PR só deixará de apoiar a possível candidatura do senador caso Roberto Pessoa (PR) resolva se candidatar. O ex-prefeito de Maracanaú postulará apenas se Tasso Jereissati (PSDB) se candidatar ao Senado, mas já manifestou publicamente ter “simpatia” pela candidatura de Eunício.
O deputado estadual Ronaldo Martins, vice-presidente estadual do PRB, afirmou que o partido já teve conversas avançadas para apoiar a possível candidatura do senador. “O cavalo está passando selado na porta do senador, precisando apenas ele montar para seguir em frente e obter uma vitória”, disse.
O deputado informa que o presidente estadual do PRB, Miguel Dias, esteve em Brasília conversando com Eunício e ficou quase acertado o apoio do partido à candidatura dele. “Tudo indica que nós poderemos nos coligar com o PMDB, porque essa possibilidade ficou avançada”, assegurou, sem esconder que o PRB conversará com outros partidos, principalmente de oposição.
SEM COMENTÁRIOS
Já deputado federal José Guimarães (PT) não quis comentar a rejeição do senador ao convite. Mas disse “ser um direito dele, e a vida política continua”. O parlamentar acredita que o PMDB não romperá com Dilma e, muito menos, com o projeto de reeleição dela. Para Guimarães, até o fim de fevereiro a reforma ministerial estará concluída, quando deverá sair uma solução para o PMDB continuar na