A atribulada história das políticas para o Centro
No O POVO de ontem, Fábio Campos, a quem tive a honra de suceder neste espaço, expôs o desolador quadro para uma das áreas mais valiosas de Fortaleza, do ponto de vista urbano, histórico e econômico. É incrível que só em 2005 aquele inestimável pedaço de Fortaleza tenha passado a ter um órgão específico para cuidar dele, e em caráter extraordinário. Até então, o mesmo secretário regional tinha que dividir as atenções com bairros como Praia de Iracema, Beira Mar, Aldeota, Praia do Futuro, para ficar apenas nos mais visíveis. O primeiro a ocupar a pasta, em função dos acordos políticos, foi o então deputado estadual Francisco Caminha (PHS). Tomou posse em novembro já sabendo que só permaneceria no cargo até março do ano seguinte, pois sairia para ser candidato. E houve momentos em que as tentativas de disciplinar o comércio ambulante esbarraram nas iniciativas de outros secretários que estimulavam e viam no bagunçado modo como o comércio informal ali se instalou uma bela forma de movimentar a economia. Na nova gestão, mais uma vez a condução das políticas para aquele icônico, precioso e degradado bairro começa de forma trôpega.
O Centro é ícone, hiperbólico por vezes, de virtudes e defeitos da Capital. Do ponto de vista da economia, é pulsante, efervescente. Poderia ser também alternativa de turismo histórico numa cidade em que a – enorme – atração de visitantes vai pouco além da praia, da vida noturna e do suporte de estrutura a quem prefere desfrutar das praias a leste e oeste. Esse modelo costuma ter traços graves de deterioração. Não raro, traz mais problemas que soluções. Mais que qualquer aquário, o Centro pode ser o caminho para atrair outro tipo de turista. Nenhum lugar de Fortaleza tem riquezas tão diversas e de tanto potencial.
Mas, para que o proveito se dê em benefício da cidade, é imperativo atacar muitos interesses, como Fábio Campos muito bem expôs no O POVO de ontem (leia aqui: http://bit.ly/1ieOUQf). Esta briga em defesa do interesse coletivo o poder público ainda está por comprar.