Afirmação de Luizianne de que, sem a aliança com o PSB, o PT fará oposição a Cid Gomes repercutiu no plenário
A manchete divulgada ontem, no Diário do Nordeste, "Luizianne: sem aliança, PT será oposição a Cid", causou rebuliço no plenário da Assembleia Legislativa. Enquanto os opositores ao governo do PT em Fortaleza repercutiam a afirmação da prefeita, os petistas tentavam amenizar o fato, reiterando que a intenção do PT é manter a aliança com o PSB.
O debate foi puxado pelo deputado Heitor Férrer (PDT), pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza. "Me surpreendeu a manchete do Diário do Nordeste quando, Luizianne Lins diz que sem aliança, o PT vai fazer oposição ao PSB", destacou. Para o deputado, a declaração da prefeita da cidade foi "infeliz", "mal posta" e algo muito "pequeno".
"Sabemos o que é uma oposição do PT. A oposição que o PT fazia, muitas vezes, chegava às raias da irresponsabilidade, apostava em terra arrasada e no quanto pior, melhor", criticou. No seu entendimento, tal afirmação da prefeita leva a pensar se tudo que hoje é defendido pelo PT, em relação ao Governo do Estado, amanhã, "em um passe de mágica", pode ser questionado, caso os dois partidos não continuem unidos.
Para Férrer, a mudança brusca de comportamento somente por interesses, acaba com a figura do homem público. Férrer alega que Luizianne Lins quis trazer o governador Cid Gomes para o "ringue". "A prefeita, na linguagem popular, riscou faca no asfalto como quem diz: vou lhe fazer uma ameaça clara", pontuou. Ele argumenta que é legítimo uma aliança se desfazer, mas que isso ocorra de maneira "elevada, altiva e responsável".
Destemperada
O deputado Fernando Hugo (PSDB) também não poupou críticas à afirmação da prefeita. Para o tucano, foi mais uma "frase destemperada" de Luizianne Lins, como quando ela disse que elegeria um poste sem luz para a cidade. Fernando Hugo também fez referências a declarações recentes do secretário Ivo Gomes de que a Prefeitura tem prejudicado as obras da Cagece, em Fortaleza. Já para o deputado Roberto Mesquita (PV), essa afirmação da prefeita prova que a aliança é "simplesmente eleitoreira" e não baseada em um projeto comum.
A fala da prefeita acabou também atingindo os peemedebistas. O deputado Carlomano Marques (PMDB) disse não ter gostado quando Luizianne Lins, segundo ele, disse que a conversa com o presidente do PMDB do Ceará, senador Eunício Oliveira, era fácil, mas o que atrapalhava era o "entorno".
Na avaliação do parlamentar, o entorno, citado por Luizianne Lins, deve ser os deputados, vereadores, prefeitos e a militância do PMDB, entendendo que a prefeita colocou em segundo plano esses peemedebistas.
Respeitosa
Carlomano Marques deixou claro que o seu partido não se resume apenas a figura do senador Eunício Oliveira e que não vai aceitar esse tipo de tratamento.
Porém, na matéria do Diário do Nordeste, Luizianne Lins disse ter uma relação "muito boa"com o governador Cid Gomes, mas lamentou que muitas vezes o "entorno não ajuda muito" nos debates políticos, em referência aos correligionários de Cid que trabalham por uma candidatura própria na Capital.
Os deputados do PT tentaram colocar panos mornos na repercussão que teve a declaração da prefeita. O líder do Governo Cid Gomes na Casa, deputado Antônio Carlos (PT), reiterou várias vezes que o entendimento do PT é lutar pela manutenção da aliança. "A posição do PT é pela unidade das forças progressistas e do campo popular", reforçou.
O petista analisa que a união é vitoriosa não apenas nos projetos que estão tocando, mas também nas urnas. Uma prova disso, aponta o parlamentar, é o número de deputados que a coligação fez para compor a Assembleia nesta legislatura. "Quantos deputados o PSB elegeu? E o PT? Uma grande bancada. O PSDB, que chegou a ter 24 deputados na Assembleia, hoje, só tem três", ressaltou.
Mal Interpretada
O deputado Dedé Teixeira (PT) fez questão de afirmar que foi uma "frase mal interpretada" e que o desejo da maioria dos petistas é dar continuidade à aliança que o Partido dos Trabalhadores vem mantendo com o PSB.
Dedé Teixeira disse não esperar que essa discussão fosse puxada pelo deputado Heitor Férrer. "Achei estranho", comentou, acreditando que, se o pedetista não fosse pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, não teria abordado esse assunto. "Eu esperava que isso partisse de outros deputados, que normalmente militam no sentimento de tudo fazer para essa aliança se desfazer", alegou.
O petista ainda aponta que tal declaração foi apenas "um final de frase" que não resume o sentimento da prefeita Luizianne Lins em relação a união entre PT e PSB. "Só não ver quem não quer enxergar, mas Fortaleza passa por grandes modificações", ressaltou, citando obras como Metrofor, Transfor, Vila do Mar e revitalização do Rio Maranguapinho.