O delegado federal Servilho Silva de Paiva (à direita), atual titular da Controladoria Geral de Disciplina da Segurança Pública, é o mais cotado para o cargo. Coronel Bezerra (à esquerda) deixa, como maior legado para a PM, a nova Lei de Organização Básica, que reestruturou a Corporação e aumentou o efetivo
FOTOS: JOSÉ LEOMAR/FERNANDO RIBEIRO
Coronel Bezerra deixa o cargo no momento em que tocava importantes projetos para a redução dos índices da violência
Um ano, dois meses e 20 dias. Este é tempo de gestão que terá o novo secretário da Segurança Pública e Defesa Social para tentar reverter os altos índices de homicídios no Ceará. O novo titular da Pasta deverá ter seu nome divulgado, logo mais, pelo governador do Estado, Cid Gomes, após a oficialização da saída do coronel PM Francisco José Bezerra Rodrigues, na última sexta-feira, cuja exoneração ainda não foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).
Durante todo o fim de semana que passou, os bastidores da Segurança Pública foram agitados com especulações sobre quem vai suceder Bezerra. O nome mais cotado é o do atual titular da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário do Estado (CGD), delegado federal licenciado, Servilho Silva de Paiva.
Projetos
A substituição de Bezerra no comando da SSPDS acontece no momento em que ele tocava diversos e importantes projetos na Pasta com o objetivo de reduzir a criminalidade no Estado, entre eles, a ampliação dos efetivos das polícias Civil e Militar, a instalação de uma Divisão de Repressão aos Entorpecentes (DRE), o aumento de contingente do Comando Tático Rural (Cotar) e do Batalhão de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), além do próprio efetivo do Policiamento Ostensivo Geral (POG), já a partir de outubro próximo.
Durante sua gestão, Francisco Bezerra, que antes era o chefe da Casa Militar no primeiro governo de Cid Gomes, obteve uma histórica vitória para a Polícia Militar do Estado do Ceará, pois foi de sua iniciativa o projeto que se transformou em lei aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionada por Cid Gomes, a Lei de Organização Básica (LOB) da Corporação.
Com ela, foram criados vários batalhões para o Interior do Estado, além de transformar toda a estrutura organizacional operacional da instituição, instalando, por exemplo, o Comando do Policiamento Metropolitano (CPM), dividindo o Comando do Policiamento do Interior (CPI) em dois, o Norte e o Sul; transformando em batalhões o grupo Raio, a Companhia de Eventos, a Companhia de Polícia do Meio Ambiente e a própria Polícia Rodoviária Estadual, que passou a ser o BPRE.
Com a criação desses novos batalhões, foi ampliada a possibilidade de contratação de novos policiais militares para o Ceará. O atual efetivo de pouco mais de 15 mil homens deve ser acrescido de mais 10 mil nos próximos anos, corrigindo, assim, o atual déficit de contingente.
O interior do Estado é o que mais apresenta falta de policiais para combater o crime.
Já em relação à Polícia Civil, Bezerra autorizou e inaugurou cerca de 25 delegacias no Interior, realizou a contratação de novos delegados, escrivães, médicos legistas e peritos criminais, reforçando, assim, os efetivos de órgãos como a Delegacia de Narcóticos (Denarc), Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel). Também na sua gestão foi inaugurada a nova sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), tida como uma das mais modernas do País.
Depois de enfrentar uma violenta e ilegal paralisação da Polícia Militar, que deixou a população de Fortaleza em completo estado de terror, entre os dias 28 de dezembro de 2011 a 4 de janeiro de 2012, o coronel Francisco Bezerra obteve junto ao governo do Estado o cumprimento de várias reivindicações feitas pela tropa, entre elas, a incorporação para todo o efetivo da PM da gratificação que antes era paga somente aos policiais do Ronda do Quarteirão.
Recentemente, o secretário conseguiu junto ao governador, ainda, um reajuste de 100 por cento da gratificação por apreensão de arma de fogo. Já os policiais do Batalhão Raio e do Batalhão de Choque (BPChoque) passaram a receber uma gratificação por operações especiais.
Assassinatos
O novo gestor que será anunciado hoje pelo governador terá a difícil missão de tentar reverter os altos índices dos homicídios, tipo de crime que mais tem se acentuado no Estado do Ceará nos últimos dois anos.
A maioria das execuções sumárias está diretamente ligada a outro tipo de delito que avança no País inteiro, o tráfico de entorpecentes. São assassinatos que não param de acontecer no Ceará, principalmente em Fortaleza e sua Região Metropolitana.
Mesmo com a instalação da DHPP, centenas de homicídios permanecem sem esclarecimento e, portanto, seus autores continuam impunes e praticando ou mandando praticar mais mortes violentas na RMF.
Coma chegada do novo secretário, é possível que haja mudanças nos comandos da PM, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e na Perícia Forense (Pefoce). Nenhum nome foi confirmado.
Saiba mais
No comando da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Ceará, o coronel Francisco José Bezerra não conseguiu reduzir os altos índices dos homicídios no Estado, principalmente na Capital cearense e Região Metropolitana. No entanto, obteve importantíssimos avanços para a Pasta, como a Lei de Organização Básica (LOB), que reestruturou a Polícia Militar do Estado do Ceará, criando vários batalhões e aumentando efetivo da tropa. Também promoveu centenas de PMs e estendeu para todo o contingente a gratificação que era exclusiva para o Ronda. Criou a Gratificação de Operações Especiais para o BPRaio e BPChoque.
Criou o Comando Tático Rural (Cotar), ampliou o efetivo do Raio, inaugurou dezenas de delegacias da Polícia Civil, nomeou novos delegados, escrivães, inspetores, peritos e médicos legistas. Inaugurou a nova sede da Perícia Forense e instituiu a Academia Estadual da Segurança Pública (Aesp) e criou a Divisão de Repressão aos Entorpecentes, cuja sede será inaugurada em breve. Seu substituto terá a dura missão de tentar reduzir a taxa de homicídios.
FERNANDO RIBEIROEDITOR DE POLÍCIA