O menino Saruê nasceu no bairro de São Cristóvão e passou a maior parte da juventude no Engenho Novo, para onde se mudou com seus pais. Lá, começou a trabalhar para ajudar no sustento da família - seu pai havia se separado de sua mãe.
Ganhou o apelido de Jamelão na época em que se apresentava em gafieiras da capital fluminense. Aos 15 anos, conheceu o sambista Lauro Santos, o Gradim, que o levou à escola Estação Primeira de Mangueira.
Na Mangueira, Jamelão começou na bateria. Sem pretensões artísticas na época, ia para a avenida para tocar tamborim e paquerar as meninas. Com o passar do tempo, começou a participar das rodas que ocorriam após o desfile, na Praça Onze.
Em 1945, participou, sem sucesso, de um programa de calouros na Rádio Ipanema. Segundo Jamelão, o apelido surgiu naquele programa, quando assim foi anunciado, sem nem saber de quem se tratava.
Dois anos depois, venceu o concurso de calouros promovido pela rádio Clube do Brasil e assinou, como prêmio pela vitória, um contrato de um ano com a gravadora Continental.
Com o final do contrato com a Continental, em 1948, passou para a Rádio Tupi, onde se apresentava nos "dancings" Brasil e Farolito. No ano seguinte, 1949, Jamelão começou a sua carreira como intérprete da Mangueira. Nesse mesmo ano, substituiu o cantor Francisco Alves em um show no Teatro João Caetano, no Rio.
Suas primeiras gravações datam desse período. Em um disco de 78 rotações da gravadora Odeon, Jamelão gravou o calango A jiboia comeu, de Antenógenes Silva e J. Correia da Silva, e o samba Pensando nela, de Antenógenes Silva e Irani de Oliveira.
No início da década de 1950, seguiria gravando sambas em 78 rotações pela Odeon e Continental e em shows com a Orquestra Tabajara.
Sua interpretação foi se aperfeiçoando e, por ser amigo de muitos bambas, lançou composições inéditas de Cartola, Zé Keti, Padeirinho e Bily Blanco. Em todas, a marca inconfundível: a voz poderosa e cheia de emoções.
Em 1952, já com certa fama, Jamelão viajou para a França como crooner da Orquestra Tabajara do maestro Severino Araújo, para cantar em uma festa promovida por Assis Chateaubriand e pelo estilista francês Jacques Fath, no castelo de Coberville, nos arredores de Paris.
Brasilidade é produzido por Fátima Abreu e Ronaldo César e narrado por Narcélio Limaverde. Vai ao ar aos domingos, às 18h, com reprise também aos domingos, às 6h.
Da Redação