A deputada Mirian Sobreira lembrou que os parlamentares já vinham avisando, na Assembleia, da possibilidade de colapso há bastante tempo
Foto: ALEX COSTA
O alerta dado pela Associação dos Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece) de que 25 municípios estão correndo o risco de colapso no abastecimento de água até novembro deste ano provocou novas críticas de oposicionistas e até de aliados ao governador Cid Gomes, ontem, na Assembleia Legislativa. Para os deputados ouvidos, o Governo do Estado foi "omisso", pois a estiagem foi prevista com antecedência, e investiu em políticas erradas de combate aos efeitos da seca.Conforme mostrou o Diário do Nordeste em sua manchete principal de ontem, a Aprece alertou que 25 municípios poderão entrar em colapso nesse semestre, em razão da falta de poços profundos e da diminuição do nível dos açudes cearenses, alguns com menos de 20% da capacidade total de armazenamento e outros que devem atingir o chamado "nível morto" (considerado quando a água se torna inutilizável para seres humanos e animais).
Correligionária do governador, a deputada Mirian Sobreira (PSB) lembra que os parlamentares já vinham avisando da possibilidade de colapso há bastante tempo. Isso porque, de acordo com ela, órgãos do Governo já tinham previsto a estiagem. "Nós insistimos muito que a perfuração de poços profundos era a melhor saída", afirmou, ressaltando que fez diversos requerimentos, pedindo a instalação de poços, bem como a compra de 21 máquinas perfuratrizes.
Mirian Sobreira comentou que, atualmente, há apenas sete equipamentos desses no Estado, dos quais dois estão quebrados - o que é insuficiente para atender a demanda de aproximadamente 1.500 poços, conforme aponta a parlamentar. A deputada afirmou que a ideia era de que o Estado doasse as máquinas perfuratrizes e os municípios arcassem com os custos de instalação, funcionamento e manutenção das máquinas e dos poços.
Cisternas
A pessebista atenta que, ao contrário da proposta, o Executivo Estadual priorizou a instalação de cisternas, o que, para ela, é a "política errada" em um momento de emergência. "Para você ter uma ideia, em Crateús, a instalação de um poço para atender 20 famílias custou R$ 10 mil. Já cada cisterna, que só atende uma família, custa R$ 5 mil. Se a gente calcular só essas 20 famílias, o valor gasto (R$ 100 mil) seria dez vezes maior do que o de um poço", comparou.
O deputado Roberto Mesquita (PV) avalia que a possibilidade de colapso no abastecimento de água em alguns municípios cearenses é fruto da "omissão" e da "inversão de prioridades" do governador Cid Gomes. Ele lembra que, apesar de ter sido instalado no ano passado, em maio deste ano, o Comitê Integrado de Combate à Seca ainda não tinha a informação de quantas máquinas perfuratrizes o Estado tinha disponível.
Temperaturas
Na quarta-feira, o tema da seca também foi trazido por Fernando Hugo (PSDB). Em seu pronunciamento na tribuna, o tucano cobrou ações emergenciais dos governos Federal e Estadual. Segundo ele, os governos têm de cinco a seis meses para socorrer as áreas mais afetadas. O deputado também criticou as cisternas de polietileno, pois, conforme alegou, são mais caras do que as de cimento e se desgastam mais rápido, em razão das altas temperaturas do Interior cearense.