A ex-senadora esteve em Fortaleza, ontem, para divulgar as ações do partido que está sendo articulado por ela Apesar das expectativas sobre uma provável candidatura à presidência da República, a ex-senadora Marina Silva foi categórica ao afirmar que só discutirá publicamente o assunto em 2014, acrescentando que considera um "absurdo" que só interessa ao Governo a antecipação da campanha eleitoral quase dois anos antes das eleições. A declaração da ex-ministra foi dada ontem, em Fortaleza, durante coletiva de imprensa para divulgar as ações da Rede Sustentabilidade, partido em formação articulado por Marina. Mesmo com a negativa em falar de campanha eleitoral, Marina adiantou que todas as alianças "serão programáticas". O deputado Heitor Férrer (PDT) compareceu ao encontro e afirmou prestar um "apoio solidário" em agradecimento à posição de Marina Silva no ano passado, que declarou apoio à candidatura do pedetista a prefeito de Fortaleza. Ele fez questão de ressaltar que comunicou ao presidente estadual da legenda, André Figueiredo, que estaria no ato pró-Rede, descartando a possibilidade de deixar o PDT. O ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara (PR) também encontrou-se mais cedo com ela e chegou a assinar o documento em apoio à criação da Rede. De acordo com organizadores do partido, o Ceará possui seis mil assinaturas, das quais três mil foram recolhidas. A meta é que chegue a 50 mil. No País, a Rede precisa de 550 mil até junho, mas já coletou 300 mil. Principal liderança da Rede, Marina Silva afirmou que o partido não pretende se colocar como esquerda ou direita, inclusive porque reúne dissidentes de partidos como PT, PSDB e PSOL, defendendo a postura de "sustentabilistas progressistas". Para ela, não haverá conflitos entre essas lideranças, mesmo oriundas de legendas historicamente divergentes. Casuísmo Marina Silva destacou que uma das estratégias da Rede é articular apoio para combater o "casuísmo" do projeto de lei que inibe a criação de novos partidos. "Eu analiso como um casuísmo até desmedido, porque a presidente Dilma não precisa disso, com mais de 80% de avaliação positiva da população e um partido que é uma máquina de gerar poder", declarou, confirmando que se reunirá hoje com Eduardo Campos para discutir o projeto que inibe as novas siglas. A matéria foi apoiada pela base aliada do Governo para tentar barrar algumas candidaturas, sendo Marina Silva a mais prejudicada. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou parecer, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que o projeto "agride a Constituição" e a tramitação deve ser interrompida. Financiamento Dentre as bandeiras da Rede Sustentabilidade, afirma Marina, estão o financiamento popular de campanha (enquanto não se conquista o público através da Reforma Política) e o limite de dois mandatos eletivos consecutivos no parlamento, exceto em "raríssimas exceções". "As pessoas que vêm se filiar já sabem que é assim. O programa terá essa proposta", responde, questionada sobre a possibilidade de essa diretriz afastar aliados. Enquanto não recebe o registro do Tribunal Superior Eleitoral, a Rede funciona em comissões nacionais provisórias e coletivos nos estados. Até 30% das vagas de candidatura do partido estarão disponíveis para indicações de movimentos sociais.