Na Praça Luíza Távora, pais passeavam com seus filhos e casais aproveitaram para namorar. Mas o espaço mais concorrido era a pista de skate. Lá, cerca de 15 adolescentes ensaiavam manobras radicais
FOTO: FABIANE DE PAULA
A Praia do Futuro também apresentou grande movimento. O dia ensolarado foi o maior atrativo
O feriado da Data Magna do Estado - em alusão à abolição da escravatura - foi de lazer para grande parte do fortalezense. Por se tratar de um dia de folga novo, muita gente não teve tempo para programar uma viagem. Na Capital, o dia ensolarado foi o atrativo necessário para deixar a Praia do Futuro lotada. Um espaço nas barracas estava concorrido. Conforme a Associação dos Empresários da Praia do Futuro, em torno de 150 mil pessoas passaram pela praia neste feriadão, média superior ao domingo (80 mil) e ao sábado (40 mil).
Na Beira-Mar e Praia de Iracema, o calçadão ficou repleto de transeuntes. Coopistas e jovens que andavam de patins disputavam espaço. As praças foram outra opção de lazer. Na Luíza Távora, no bairro Aldeota, pais passeavam com seus filhos e casais aproveitaram para namorar. Mas o espaço mais concorrido era a pista de skate. Lá, cerca de 15 adolescentes ensaiavam manobras radicais.
Pais e mães também estiveram presentes para assistir e apoiar os seus filhos. A exemplo do administrador Agamenon Sampaio, 46 anos. Orgulhoso, ele vibrava com cada manobra do filho João Marcos, de 11 anos. Ele foi um dos que aprovou o novo feriado. "Nós fomos o primeiro Estado a abolir a escravidão, então nada mais justo que prestarmos essa homenagem à cultura afrodescendente", salienta. Depois de almoçar na praia, ele aproveitou a folga para acompanhar o filho na praça.
O empresário Fábio Ferreira, 45 anos, é outro que aproveitou o feriado para passear com os filhos na Praça Luíza Távora. O mais novo, Paulo Neto, 10 anos, era o único que andava de patins na pista de skate. Já o mais velho, Dário Lucas, 19 anos, arriscava algumas manobras na calçada. Como já tinha programado uma viagem para a Semana Santa, a família optou por ficar em Fortaleza neste fim de semana.
Sobre a criação do novo feriado, o empresário é enfático ao afirmar que não concorda. "Já temos feriados demais. O governo poderia perfeitamente homenagear a abolição dos escravos sem que todo o comércio tivesse que parar", critica. Para ele, trata-se de uma data política que tenta agradar o povo de forma improdutiva. "Para o funcionário, é muito bom, pois terá um dia a mais de folga, mas no final das contas, ele acaba sendo prejudicado, porque tantos feriados acabam gerando prejuízos", frisa.
Na pista de skate, a jovem Catarina Riquete, 15 anos, se destacava por ser a única mulher arriscando algumas manobras. O que para ela não era nenhum empecilho, já que os demais a respeitavam. Além da Praça Luiza Távora, ela conta que aproveitou o feriado para andar de skate também no calçadão Beira-Mar, sempre acompanhada do irmão. Com apenas 6 anos, o pequeno Luís Vitor de Lima Cunha dava verdadeiro show no skate. Apesar da pouca idade, chamava atenção as suas habilidades com o esporte. Ele deixa claro que aprendeu tudo sozinho.
Lazer
O Centro foi outro foco de lazer. No Passeio Público, muita gente aproveitou para tirar fotos. O professor Davi Mourão, 27 anos, participava, com um grupo de amigos, de uma sessão de fotos. "O nosso amigo Felipe Oliveira comprou uma câmera profissional e nós estamos sendo as cobaias dele nesse ensaio", explicou, em tom de brincadeira.
Além do Passeio Público, o grupo foi em outros pontos turísticos da Capital, como a Praça Luiza Távora e a Beira-Mar. Apesar de se tratar de uma data nova, todos sabiam de que era o feriado e foram unânimes em concordar com a homenagem. "É uma data histórica, então tem mais que ser lembrada", destacou Mourão. Pensamento parecido tem a auxiliar administrativa Kleidiane Queiroz, 25 anos. Ela comenta que o Ceará foi o primeiro Estado a abolir a escravidão, portanto concorda que seja feriado estadual.
FIQUE POR DENTRO
Data rememora a abolição dos escravos no CE
Esta foi a primeira vez que cearenses pararam em função da Data Magna do Ceará, pois o feriado de ontem, foi aprovado pela Assembleia Legislativa e publicado no Diário Oficial do estado em 2011, mas em 2012 o dia 25 foi um domingo e passou despercebido. A Lei de nº 9.093, de 12 de setembro de 1995, estabelece que são feriados civis a data magna do Estado fixada em legislação estadual.
O dia foi escolhido por ser a data da abolição da escravatura no Ceará. O Estado foi a primeira província do Brasil a abolir a escravidão, em 25 de março de 1884. No dia 1º de janeiro de 1883, a Vila do Acarape, atual município de Redenção, distamte 55 Km da Capital, emancipou os seus escravos um ano antes da província do Ceará. Isso fez, inclusive, com que Redenção passasse a sediar a Universidade da Integração Internacional da Lusofania Afro-brasileira.
LUANA LIMAREPÓRTER